Café

 

Generalidades

Histórico

A literatura especializada menciona várias lendas sobre as origens do uso da bebida. Não só na Etiópia, berço do excelente Coffea arabica, os seus habitantes descobriram os efeitos estimulantes de cocções de folhas dos cafeeiros, da polpa, dos frutos, e mais tarde, dos grãos torrados, mas também em outras partes da África, ao que parece, de preferência, no ex-Congo Belga, os habitantes já se valiam do cafeeiro, neste caso, de outras espécies de Coffea para preparo de infusões muito antes da ocupação destas regiões pelos europeus.

Primeiras culturas

Quanto às primeiras culturas de café, há dúvida se estas se instalaram na própria Etiópia ou no vizinho lemen (Arábia), para onde o café foi levado pelos árabes, no início do século XVII ou, talvez, mesmo antes. Foi neste último país que os holandeses obtiveram sementes do Coffee arabica, introduzindo-as já em de Java, onde foram estabelecidas as primeiras culturas extensivas desta  Rubiácea.

Em 1706, um cafeeiro daquela espécie foi levado ao Jardim Botânico de Amsterdã, na Guiana Holandesa em 1714. O mesmo cafeeiro forneceu sementes ao Jardim Botânico de Paris, o qual, poucos anos mais tarde, à ilha de Martinica que, por sua vez, se tornou importante centro de distribuição de sementes à Venezuela, Colômbia, toda a América Central e várias regiões das Antilhas. Ao que se sabe, de Suriname o café foi levado à Caiena em 1718 e de lá introduzido em 1727 em Belém do Pará por Mello Palheta.

Pouco depois de sua introdução na Indonésia, o café atingiu o Ceilão e a Índia para, mais tarde, também invadir vários outros países asiáticos: Burma, Malaia, Tailândia, Indochina, China, Formosa, Filipinas etc. Nas Américas, alcançou mais tarde o México.

Para alcançar as Américas, fez, pois, o cafeeiro Arábico uma longa viagem. O fato histórico de que toda população primitiva desta espécie (var. Típica), cultivada nas Américas, teve por origem possivelmente um único cafeeiro, explica a relativa uniformidade das primitivas lavouras de café.

É interessante notar que na África, berço das principais espécies econômicas de Coffea, pouco interesse houve no cultivo do café até pouco antes da primeira guerra mundial só depois de 1918 é que se iniciou ali a expansão cafeeira, estimulada pelos respectivos governos metropolitanos, muito depois, portanto, do desenvolvimento cafeeiro no Sudeste da Ásia e nas Américas.

Quanto ao consumo do café, este se propagou lentamente pela Europa depois pelas América, hoje, a lslândia, os Países Escandinavos e a Finlândia são os países de maior consumo per capita, sendo os Estados Unidos da América são os maiores importadores de café do mundo. É interessante ainda notar que consumo de café é insignificante em vários países produtores da África.

É de se salientar também que o café constitui a cultura tropical permanente mais difundida na faixa tropical, que mais riquezas criou e que ainda vem contribuindo, decisivamente, para elevar o nível social de suas populações rurais, principalmente, nos países em desenvolvimento na África.

Distribuição Geográfica da cultura

O café é cultivado em toda faixa tropical e se adaptou às mais variadas condições ecológicas. Planta-se o cafeeiro em altitudes de poucos metros acima do nível do mar até além de 2.000 m (Iemen e Equador), no diversos tipos de solos, sob as mais variadas condições climáticas, e, ainda seguindo os mais diversos métodos de plantio e de cultivo.

A espécie coffea arabica se encontra em 85% dos países cafeicultores, exclusiva ou juntamente com uma ou duas outras espécies, sendo o Continente Americano a sua região principal de cultivo.

Quanto à espécie Coffea canephora (Robusta), a sua introdução em cultura se deve exclusivamente ao fato de ser altamente resistente à ferrugem das folhas. Foi primeiramente cultivada em Java, pelos holandeses, em substituição a Coffea arabica sendo hoje encontrada em todos os continentes produtores, predominando na Ásia e África, sendo que neste último predomina em quase 80% do total plantado.

O café Libérica é de expressão muito menor do que as duas espécies atrás mencionadas. É cultivada com exclusividade na Guiana Inglesa, sendo ainda encontrada em 17 outros países, nos quais também existem outras espécies, principalmente na Libéria, Malaia e São Tomé.

Importância Econômica

O café é ali produzido tanto pelos europeus como pelos africanos, tanto em grandes como em pequenas propriedades, com grande predominância destas Últimas. Constitui meio de vida para milhões de africanos, seja como fonte complementar de renda ou como a principal ou mesmo única fonte de recursos. Exerce, pois, importante função social.

América do Norte e Central: Como acontece em muitos países latino-americanos, o café constitui um fator essencial na economia de 5 dos 6 países da América Central, sendo que ultimamente, sua importância econômica tem aumentado no México. O grau de deste produto é, em alguns casos, tão acentuado que um verdadeiro colapso se registraria no dia em que o café viesse a desaparecer.

México: Apesar de o café constituir cultura antiga nesse país, sua grande expansão data apenas de 1949/50. As zonas produtoras localizam-se principalmente nos Estados de Vera Cruz, Chispes e Oaxaca, estendendo-se ultimamente também ao de Puebla.

El Salvador: Esta é a menor das Repúblicas centro-americanas e a que possui a maior densidade demográfica (110 hab/km2). Em conseqüência, a mão de obra é abundante e relativamente barata.
O café, produzido em cerca de 112.000ha, constitui 90% do total das exportações, o que indica a extraordinária dependência de El Salvador deste produto.

Costa Rica: Hoje a cultura cafeeira ocupa nesta República urna área dá cerca de 58.000 ha, concentrados, de preferência na famosa "Meseta Central" situada acima de 1.000m no centro do país. Cerca de 46% do valor de todas as exportações é representado pelo café. Sem dúvida a cafeicultura de Costa Rica, é, pois, uma das mais avançadas das Américas. Constitui um exemplo que muitos outros países cafeicultores querem seguir.

Antilhas: Existem nas Antilhas 8 regiões produtoras de café (Cuba, Jamaica, Haiti, República Dominicana, Porto Rico, Guadalupe, Martinica e Trindade). Conquanto hoje apresentam importância relativamente pequena para o mercado mundial. Foram algumas destas regiões, juntamente com o norte da América do Sul, as primeiras a expandir o café no início do século XVIII. Dois fatores principais, entretanto, determinaram, mais tarde, um rápido declínio da produção cafeeira: a ocorrência freqüente de ciclones que chegaram a destruir dezenas de milhões de cafeeiros, e a abolição da escravatura.

América do Sul: Sem dúvida alguma, foi nesta parte do continente americano que se verificou, no passado, a mais extraordinária expansão cafeeira, não igualada em outra região do mundo. Basta dizer que em 1933/34 ela contribuía com quase 80% da produção global. Condições ecológicas favoráveis predominantes nas vizinhanças do Trópico de Capricórnio no Brasil e nas fraldas dos Andes na Colômbia, Peru, Equador e Venezuela, permitiram o estabelecimento da cafeicultura nestas áreas, nas quais centenas de milhares de hectares de florestas virgens foram substituídas por cafezal. O desenvolvimento cafeeiro mais espetacular verificou-se certamente no Brasil, que em 1959/60 chegou a alcançar a produção elevada de 44 milhões de sacas.

Também na maioria destes países constitui o café a pedra angular da sua economia. Serviu ainda de base para o seu desenvolvimento industrial e, curioso é notá-lo, também para a introdução de outras culturas. Abriu vastas áreas virgens, semeou cidades e também, em alguns casos, promoveu o estabelecimento de correntes imigratórias. Foi o café importante fator de civilização, pela implantação de comunidades florescentes em áreas antes totalmente incultas.

Por outro lado, o café também tem contribuído nesta parte do continente para a ocorrência de grandes crises, causadas pelas superproduções. Mas mesmo estas não deixaram de ter seus efeitos benéficos, estimulando novas iniciativas inclusive, no próprio setor da agricultura.

Venezuela: Ao fim do século XIX chegou este país a constituir-se no segundo produtor de café do mundo, com uma produção de cerca de 750.000 sacas. Hoje em dia o valor de sua exportação cafeeira apenas representa 2%do tode suas exportações. Os seus cafezais localizam, de preferência na Zona Andina, limítrofe com a Colômbia. Predominam ali, métodos rotineiros de produção.

Colômbia: Este pais é o segundo em produção total e o primeiro na exportação de cafés suaves. A cultura estabeleceu-se, de preferência, nas encostas Cordilheira. Central e Ocidental, nas regiões de Caldas, Antióquia, Tolima, Huila e Narino. Hoje esta cultura encontra-se também na Cordilheira Oriental. A altitude dos cafezais varia entre 1.000 e 1.900m.

Guianas: O café nas três Guianas é cultivado perto da costa, em terrenos de aluvião, em geral em camalhões para facilitar a drenagem. Em virtude da impropriedade do clima para o Arábica predomina ali o cultivo do Libérica (Surinam e Guiana lnglesa) e também um pouco de Robusta.

Equador: O café é cultivado tanto na zona baixa da costa como também nas encostas das montanhas, em altitudes variáveis. No vale do Cubayá, à pequena distância de Quito e, portanto, da linha do Equador, existem também pequenos pomares de café a 2.300m de altitude, constituindo provavelmente as mais altas plantações de café do mundo. Conquanto 98% do seu café pertença a espécie Arábica, o Robusta também tem sido plantado nas Zonas baixas da costa. Entretanto, a fim de evitar a contaminação do Arábica, que ali produz tipos de boa bebida, com esta espécie, o Governo proibiu a instalação de novas plantações de Robusta.

Perú: As zonas cafeeiras estendem-se ao longo dos vales da Cordilheira dos Andes, desde a divisa com o Equador até as margens do rio Tambopata, perto da Bolivia. A partir de 1950, com a alta dos preços do café, manifestou-se neste país um grande interesse na expansão da área cafeeira.

Bolivia: Os cafezais localizam-se nos Yungas ao nordeste de La Paz, em Beni no estremo norte, bem como nas zonas de Chepare (Cochabamba) e Santa Cruz. A erosão e os métodos primitivos de cultivo fazem com que a produtividade ali seja muito baixa.

Paraguai: Este pai já vinha cultivando café em pequena escala, principalmente na região Caacupé-Altos, quando se verificou a abertura de uma nova zona perto de Puerto Juan Caballero, em frente à cidade brasileira de Ponta Porã. Trata-se de uma extensa área de boa topografia, coberta de mata virgem, localizada um pouco ao norte do Trópico de Capricórnio. O clima não é ali dos mais favoráveis para o café, porque é sujeito a fortes ventos frios do sul e a geadas. Sem dúvida a América Latim possui imensas zonas com excelentes condições ecológicas favoráveis a uma produção intensiva do bom café Arábica. Delimitar as melhores dentre estas e nelas concentrar todos os esforços para aumentar a eficiência econômica da produção constitui o principal problema que todos os seus países cafeeiros enfrentam.

Brasil: Em nosso país cultivamos a espécie Coffea Arabica, esta que apresenta diversas variedades, algumas de valor econômico e outras de interesse para a pesquisa genética.

Variedades:

  1. Típica: é a variedades primitiva dos cafezais brasileiros, vinda da Guiana Holandesa, e por não ser produtiva não vem sendo cultivada no Brasil.
  2. Amarelo de Botucatu: originou-se por mutação em Botucatu-SP, a partir do Típica devido a semelhança, do qual se difere pela cor amarela do exocarpo do fruto. Não houve expansão do seu cultivo.
  3. Sumatra: foi importado por São Paulo da ilha de Sumatra em 1896, porém devido a baixa produtividade, desinteressou aos produtores.
  4. Maragogipe: pelas características deve ter originado a partir do Típica, sendo pouco produtivo também.
  5. Bourbon Vermelho: foi importado por Luiz Pereira Barreto, por volta de 1860 na cidade de Rezende-RJ, sendo que em 1875 foi levado para a região de Cravinhos-SP, tornado-se popular e daí para todo o país, pois sua produtividade é boa.
  6. Bourbon Amarelo: surgiu como produto da recombinação de cruzamento natural entre o Amarelo de Botucatu e o Bourbon Vermelho. Começou a ser notado em fins do século passado provavelmente na região de Jaú. Trata-se de um cultivar mais produtivo do que o Bourbon Vermelho. Ainda é procurado pelos lavradores por ter maturação mais precoce do que a do "Mundo Novo". Assemelha-se ao Bourbon Vermelho, porém atinge altura maior, é mais vigoroso e os frutos tem o exocarpo amarelo.
  7. Caturra Vermelho e Caturra Amarelo: as duas formas de Caturra parecem ser oriundas de Minas Gerais, embora sejam mais conhecidas no Estado do Espírito Santo. Foram recebidas em Campinas em 1937, época em que começavam a ser estudadas. As primeiras produções são boas, porém as plantas não apresentam vigor vegetativo satisfatório. O Caturra, como o nome indica, tem porte pequeno, folhas grandes, internódios muito curtos e muitas flores por axila foliar. O Caturra Amarelo revelou-se pouco mais produtivo do que o Caturra Vermelho. As linhagens LC 476 do amarelo e LC 477 do vermelho foram distribuídas a várias regiões cafeeiras de São Paulo e do Brasil, porém já não são preferidas para plantio.
  8. Mundo Novo: o café Mundo Novo provavelmente representa uma recombinação resultante de hibridação natural entre o Sumatra e o Bourbon Vermelho. Estudos sobre este café foram iniciados na Seção de Genética do Instituto Agronômico, em 1943 e, desde as primeiras observações, notou-se que se tratava de café muito rústico e de elevada produtividade, embora encerrasse vários defeitos, como plantas improdutivas e plantas com excesso de frutos chôchos, os quais foram posteriormente eliminados com a seleção. Tem porte do Sumatra, as folhas se assemelham às do Bourbon Vermelho e a ramificação secundária é intensa. O seu nome provém do município paulista onde foi primeiramente observado. Várias linhagens foram selecionadas e outras vem sendo ainda objeto de minuciosos estudos. Numerosas hibridações artificiais são anualmente realizadas em Campinas, tendo-se em vista recombinar suas características vantajosas em relação a outros cultivares selecionados.

 

Fisiologia

 

Semente

Para que a semente de café conserve por muitos meses uma elevada porcentagem de germinação ela deve ser desidratada após a eliminação da substância péctica que envolve.

Essa desidratação é geralmente feita por meio de seca à sombra, mas pode também ser feita ao sol ou em secadores.

O  importante no processo de seca de café para semente é o teor final de umidade que não deve ser inferior a 8-9%, por isto quando se processa a seca da semente ao sol é necessário muito cuidado uma vez que sendo muito rápida a seca, facilmente a umidade da semente atinge valores inferiores aquele limite e então o poder germinativo fica comprometido.

É conveniente que as sementes, após terem sido desidratadas até um teor
de umidade de 10%, sejam guardadas em recipientes hermeticamente fechados a fim de se evitar a reabsorção de umidade do ar.

O processo de germinação da semente de café é mais ou menos lento. Em condições bastante favoráveis de temperatura e de umidade ela se dá em 3 a 4 semanas.

Sistema Radicular

É de grande interesse para o fisiologista o conhecimento do sistema radicular das plantas.

A extensão e profundidade atingida pelo sistema radicular são de importância para a absorção eficiente de sais minerais e água.

A melhor distribuição do sistema radicular encontrado foi no solo terra-roxa misturada. Neste solo as raízes do cafeeiro atingiram profundidade de mais de 2,50 m sendo que a 2 m a quantidade de radicelas encontrada foi grande.

Em segundo lugar está o solo arenito de Bauru seguido pelos solos massapé e terra-roxa legitima.

Sombreamento

Embora as tentativas de sombreamento dos cafezais no Brasil datem talvez da introdução dessa planta em nosso país, essa técnica de cultura não se generalizou. Além da produção bastante menor, os cafeeiros sob sombra, em nossas condições são, na grande maioria dos casos, severamente prejudicados pela seca.

Medindo a quantidade de água disponível no solo de cafezais sombreado e não sombreados durante períodos de seca verificou-se que nos primeiros a quantidade de água disponível era sempre menor que nos segundo.

O sucesso do sombreamento na América Central, onde o período de seca é longo, comparável com o que ocorre nas regiões cafeeiras do Estado de São Paulo, é explicado pela grande quantidade de água disponível encontrada nos solos daquela região, mesmo após secas prolongadas.

A concorrência que as arvores de sombra fazem ao cafeeiro tornou-se mais evidente quando se mediu a quantidade de água transpirada diariamente pelo cafeeiro sombreado e pelo Ingazeiro durante um ano. Os ingazeiros são arvores que na ocasião se usavam para  o sombreamento dos cafezais.

 
Clima e Solo

 

 

 

Embora o cafeeiro possa vegetar em uma extensa área geográfica compreendida em sua maior parte pelos trópicos, abrangendo uma ampla variação de clima e solo, a sua produção econômica, entretanto, se restringe a uma área bem menor, dentro daqueles limites, onde os fatores ecológicos são mais favoráveis.

Temperatura

Temperaturas médias anuais situadas entre 18 e 22ºC parecem ser as mais favoráveis ao cafeeiro. Entretanto, não se deve considerar apenas a média anual, pois muito importantes são os extremos, especialmente as temperaturas mínimas que se apresentam na região.

Assim, sendo o cafeeiro uma planta pouco tolerante ao frio, não deve ser plantado em regiões sujeitas a geada ainda que ocasionalmente, pois poderá ser fortemente prejudicado.

Mesmo temperaturas não muito baixas, de apenas uns poucos graus acima de zero, embora não sejam suficientes para produzir a geada já causam alguns danos aos cafeeiros, especialmente às suas partes mais novas.
Por outro lado, em regiões onde temperaturas acima de 30ºC são freqüentes, durante períodos longos, a produção do cafeeiro é prejudicada principalmente porque grande número de botões florais abortam, não produzindo frutos.
A geada tem se constituído em permanente preocupação para os agricultores, sobretudo para os cafeicultores do sul de São Paulo e Paraná.

Geada

Embora o Estado de São Paulo não tenha inverno considerado rigoroso, muitos estragos têm-se verificado nas plantações nesse período devido às geadas ocorridas.

Para evitar esses problemas muitos métodos têm sido apregoados, mas nem todos são baratos, podendo trazer inconvenientes econômicos.
Geada é um fenômeno metereológico ocasionado pelo abaixamento da temperatura em conseqüência da invasão de massas de ar polar. Aparece em noites frias, calmas, e quando o céu está completamente limpo e estrelado.

Existem dois tipos de geadas: a branca e a negra. A geada branca é formada quando o ar está relativamente úmido, com o ponto de orvalho acima da temperatura de congelamento. Havendo o abaixamento da temperatura, poderá haver deposição de gelo, ou as gotículas de orvalho que estão sobre a superfície das plantas poderão se congelar, dando formação à geada branca. A geada negra aparece quando há o abaixamento da temperatura, mas o ar está com pouca umidade, não havendo formação de gelo.

Medidas de Proteção

Primeiramente escolhe-se o local para o plantio das culturas, lembrando que o ar frio é mais pesado que o ar quente e que os efeitos da geada nos vegetais dependem da temperatura e do tempo de exposição a essa temperatura.
As matas funcionam como verdadeiras represas para o ar frio, dificultando o seu escoamento para áreas mais baixas. Assim sendo, a abertura de corredores (derrubada de árvores em faixas) dentro das metas, possibilitará a saída do ar frio, canalizando-o para as baixadas. Caso isso não seja feito, as culturas que se localizarem a montante sofrerão os efeitos do ar frio represado, agravando consideravelmente as conseqüências da geada. Esses corredores deverão ter uma largura aproximada de 100 metros.

No planejamento de uma propriedade agrícola, se houver possibilidade e interesse em construir uma barragem, ela deverá ser localizada acima da cultura que se quer proteger das geadas. Isso porque a água conserva o calor do sol por mais tempo do que o solo. Assim, o ar frio, em seu caminho descendente, será aquecido na sua passagem sobre a água da barragem e alcançará e cultura com uma temperatura mais elevada e mais umedecida.

Absorção de Calor pelo Solo

Sempre que possível a vegetação sem interesse para o lavrador e as coberturas mortas deverão ser retiradas do solo, pois elas funcionam como uma camada isolante do calor liberado pelo solo durante a noite. O solo nu absorve o calor do sol durante o dia e devolve-o durante a noite, reduzindo, dessa forma, o resfriamento.

Nebulização

É mais uma opção para proteger a lavoura, fazendo-se à noite por meio de uma nuvem artificialmente produzida que cobrirá a plantação funcionando como cobertura, evitando a saída do ar quente, assim evitando a entra do ar frio e o contato com as plantas.

O material para nebulização deverá estar preparado durante o período mais provável de geadas. No Estado de São Paulo esse período vai de maio a setembro.

No preparo da nebulização são usados os seguintes materiais: mistura
neblígena e nebulizadores.

Composição da mistura neblígena:

- serragem de madeira seca e peneirada 100 litros
- salitre do chile 8Kg
- (ou nitrato de amônio 10kg)
- (ou ainda o fertilizante - nitrocálcio 12Kg)
- óleo queimado ou óleo diesel 6 litros

A melhor madeira para serragem é a do pinho, por possuir menor quantidade de resina e queimar melhor. Esses ingredientes devem ser bem peneirados e homogeneizados, colocando-se o óleo por último. Pode-se utilizar para essa operação um terreiro de café.

O sucesso da nebulização depende da forma como se apresenta a mistura. Ela não pode estar muito úmida, porque não queima bem e nem muito seca,
por que ai ocorrem labaredas, formando fumaça e não neblina.

Divide-se depois a mistura em quantidades de 50 litros, que serão guardadas separadamente, em sacos de adubos químicos ou em sacos plásticos, a fim de que se conserve a umidade.

Quando se ouvir notícia de que haverá geada, deve-se preparar os nebulizadores, que são os aparelhos usados para queimar a mistura neblígena na noite de geada.

Esses nebulizadores são feitos com tambores de óleo vazios de 200 litros, serrados ao meio. Os tambores devem ficar nos lugares adequadamente escolhidos, emborcados, cobrindo cada um deles um saco dá mistura já preparada.

Para escolha dos pontos de distribuição das baterias de nebulizadores é preciso um planejamento baseado no mapa da bacia hidrográfica ou na fotografia aérea, na escala de 1:25.000, que existem nas Casas de Agricultura do Secretaria  Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, ou nas folhas cartográficas do IBGE, na escala de 1:50.000. Esses pontos deverão ficar distribuídos uniformemente em toda a área da bacia hidrográfica.

Cada bateria deverá constar de um grupo de 10 nebulizadores, mais um regador com água para ser usada no momento da nebulização.

As baterias devem ser colocadas nos espigões entre 50 e 100 metros abaixo do divisor de água, dentro da área da bacia hidrográfica, que se deseja Nebulizar.

O número de baterias depende da área da bacia a ser coberta. De um modo geral, pode-se prever a necessidade de uma bateria de l0 nebulizadores pêra cada 300 a 500 hectares de bacia hidrográfica.

O número de nebulizadores depende do tamanho da bacia hidrográfica, e não da área de plantação.

Previsão do Tempo

Geralmente, as geadas podem ser previstas com uma antecipação de 48 horas. Essa previsão é feita, normalmente, pelo Instituto Nacional de Metereologia e outros órgãos, divulgada através dos meios de comunicação.
Assim que se tomar conhecimento desse fato, deve-se colocar alguns termômetros a 0,50m do solo, na região mais baixa do terreno a ser protegido, entre as plantas.

Em noites de geada, a temperatura cai, em média, 1ºC por hora. Assim sendo, quando o termômetro colocado na parte mais baixa da cultura atingir 2ºC positivos, antes das 04:00hs da manhã, devem-se acender, imediatamente, os nebulizadores. Se essa temperatura ocorrer após as 03:00hs da manhã, acendo-se apenas metade dos nebulizadores. Se a temperatura de 2ºC positivos ocorrer depois das 05:00hs da manhã, não será mais necessário usar o processo.

Para que os nebulizadores sejam acesos quase que simultaneamente a pessoa que está tomando conta do termômetro dá um aviso, que pode ser soltando um rojão, batendo um sino ou usando outro sinal já combinado.
Para acender-se a mistura usa-se uma xícara de álcool ou gasolina, espalhando esse líquido uniformemente sobre a superfície da mistura. Em seguida, ateia-se fogo. Depois de 5 minutos, se houver chama, esborrifa-se água com o regador, em pequenas quantidades, para apagá-la. Inicia-se, então, a produção de neblina, que vai proteger a plantação.

Além desse, há outros métodos de controle das geadas, tais como irrigação, ventilação, aquecimento. Entretanto, como são quase inexeqüíveis pelo seu alto custo.

Precipitação

Não se pode estabelecer um ótimo grau de precipitação anual, uma vez que isso depende também de outros fatores, principalmente da distribuição de chuvas pelos diferentes meses do ano.

Esta distribuição deve ser tal que não haja um período demasiadamente longo sem chuva. Quando a época de maturação e da colheita coincidem com um período de seca relativa no inverno, a deficiência de chuvas não chega a prejudicar sensivelmente o cafeeiro, favorecendo a colheita e criando condições propicias a obtenção de um produto de melhor qualidade.

Altitude

De uma maneira geral, para as principais regiões cefeeiras de São Paulo, as altitudes inferiores a 500 metros são desfavoráveis à cultura dos cafeeiros da espécie arábica.

Solo

O cafeeiro exige solos profundos com boa aeração e drenagem. Em geral os solos bons para as grandes culturas brasileiras são também adequados à cafeicultura.

Em igualdade de condições deve se dar preferência aos solos mais férteis. Entretanto, como a pobreza do solo pode ser corrigida por adubação, pode se tornar economicamente mais vantajoso cultivar os cafeeiros em um solo mais pobre, porém com melhor topografia, melhores propriedades físicas, maiores facilidades do transporte.

Neste caso o maior gasto com fertilizantes poderá ser compensado pela economia resultante dos menores gastos com práticas conservacionistas onerosas teimares facilidades nos tratos culturais, transporte.

Plantio
 

Escolha do local

Na escolha do local da futura lavoura, devem ser evitadas as seguintes situações:
1. terrenos voltados para faces sujeitas a ação dos ventos frios que são prejudiciais ao cafeeiro;
2. locais que tenha tido cafezais há menos de 5 anos, porque essa condição poderá favorecer o aparecimento de pragas e moléstias no novo cafezal principalmente os nematóides;
3. baixadas úmidas;
4. topografias muito íngremes, solos rasos, pedregosos ou muito erodidos.

Sistemas de Plantio

Para a maioria das regiões cafeeiras de São Paulo, o sistema de plantio de café que pode ser recomendado de modo geral é o de livre crescimento.
Neste sistema o espaço básico indicado é o de 4 x 2,5m para as variedades Mundo Novo e Bourbon Amarelo, podendo entretanto essa distancia sofrer pequenas alterações para mais ou menos em função de condições locais e dos tratos a serem dispensados ao cafezal e que poderio influir no seu desenvolvimento.

O número de mudas por cova deverá ser de 2 a 3, sempre dispostas no sentido das linhas e mantendo entre si uma distancia de 20 a 25 cm.

Para as regiões altas (acima de 650 metros) e menos sujeitas a períodos de secas prolongadas, especialmente aquelas situadas ao longo da divisa com o Estado de Minas Gerais, poderá ser recomendada o plantio no espaçamento de 3 x 2m, com 2 plantas por cova e condicionado ao decote das plantas a uma altura máxima de 1,5m do solo quando as mesmas apresentarem tendência para o fechamento nas ruas.

Este decote deverá ser renovado em ciclos de 3 a 5 anos e sempre após uma safra elevada, ou na previsão de uma pequena produção no ano seguinte. Essa operação deverá ser efetuada nos meses de agosto ou setembro após o término da colheita.

Esse sistema proporciona uma maior produção por áreas especialmente nos primeiros anos. Favorece também a operação da colheita quando a mesma é feita por derriças a mão ou em cereja.

Por se tratar de sistema mais intensivo é indispensável uma assistência mais efetiva do técnico.

Variedades

O café que mais se adapta de modo geral às condições de cultivo nas regiões cafeeiras de São Paulo é o Mundo Novo.

É um cafeeiro rústico, vigoroso, apresentando elevado potencial de produção. O seu porte é elevado, o que em certas condições poderá se constituir em inconveniente para a colheita. Os seus frutos são de tamanho médio ou graúdo.

A variedade Mundo Novo foi submetida a um intenso trabalho de melhoramento no Instituto Agronômico de Campinas, tendo-se selecionado linhagens das quais destacam-se as seguintes que se caracterizam por sua elevada capacidade produtiva:

CP 379-19; CP 376-4; CP 515; CP 464; CP 493-6

Do Mundo Novo foi selecionadas o Acaiá, com sementes de maior tamanho. Pode-se citar as seguintes linhagens do Acaiá: CP 474-4 e CP 474-7.

- Bourbon Vermelho: Apresenta pouco interesse para a formação de novas lavouras. O seu porte é menor que o do Mundo Novo. A sua capacidade produtiva é bastante inferior às linhagens daquela variedade (50% em média). As melhores linhagens selecionadas pelo Instituto Agronômico de Campinas são: LC e LC 662.

- Bourbon Amarelo: Distingue-se do Bourbon Vermelho por apresentar frutos amarelos, maior porte e vigor. É também mais produtivo que aquele, porém não alcança a produtividade do Mundo Novo, apresentando também frutos menores. A sua maturação é mais precoce que a do café Mundo Novo, essa característica pode ser vantajosa nas regiões mais frias, possibilitando o início da colheita mais cedo. As linhagens do café Bourbon Amarelo que apresentam interesse são as seguintes: LCJ-3; LCJ-1O; LCJ-22; LCJ-9 e LCJ-19.

- Híbrido Catuaí: Obtido pelo cruzamento entre o Mundo Novo e o Caturra. O seu porte é intermediário entre aquelas duas variedades.
É mais produtivo e mais rústico que o Caturra, parecendo adaptar-se bem às regiões altas (acima de 700 metros).

As seguintes linhagens do Catuaí estão sendo recomendadas:

- Catuaí Vermelho:H 2077 - 2-5-24; H 2077 - 2-5-44; H 2077-2-5-81e H 2077-2-5-99.
- Catuaí Amarelo: H 2077- 2-5-17; H2077-2-5-65; H 2077-2-5-86 e H 2077-2-5-100.

Formação das Mudas

Escolha do Local do Viveiro: O local para viveiro deve ter boa topografia; ser de fácil acesso para facilitar as inspeções e saída de mudas; sem umidade excessiva; com facilidade de água para irrigação e fora da região de influência das enxurradas e transito que provenham de lavouras já instaladas.

- Construção do Viveiro: Como regra geral deve-se construir o viveiro com material de menor custo e de fácil obtenção. Os esteios poderão ser de eucaliptos, bambu grosso etc.

- Cobertura: A cobertura é feita a mais ou menos 2 m de altura com ripas de madeira, bambu, colmos de capim napier ou colonião, folhas de indaiá, ou outros materiais dispostos no sentido norte-sul transversalmente, portanto ao caminhamento do sol, para possibilitar insolação uniforme às mudas. A densidade de cobertura deve ser tal que forneça, inicialmente 50% de sol e 50% de sombra, aproximadamente.

- Escolha das Sementes: Dar preferência a sementes de variedades ou linhagem selecionadas, despolpadas, de origem conhecida e do mesmo ano, pois sementes com mais de 6 meses de colhidas, apresentam considerável perda de poder germinativo.

- Recipientes: Os mais usados são: laminados de madeira e saquinhos de plástico (polietileno). As dimensões usuais são: nos laminados 10x30 cm e nos saquinhos 11x20 cm, com espessura mínima de 0,006 cm, devendo apresentar furo na sua metade inferior para drenar o excesso de água.

Em terras arenosas, o uso de plásticos requer maiores cuidados, exigindo manuseio mais cauteloso.

Os recipientes devem ser cheios com a seguinte mistura:

Terra peneirada = ¾ (75%); esterco de curral = 1/4 (25%) do volume total. Para cada metro cúbico dessa mistura acrescentar 2,5 quilos de fosfato simples e 0,5 quilos de cloreto de potássio.

- Semeadura: Pode ser direta ou indireta.
- Semeadura direta: é aquela em que as sementes são colocadas diretamente nos recipientes.
- Serneadura indireta: é aquela em que as sementes são semeadas em germinadores de areia, ou canteiros, para posterior repicagem das mudas para os recipientes. Os germinadores de areia são caixas ou compartimentos de dimensões variáveis, cheios com areia grossa de rio e sobre essa areia colocam-se as sementes de café, cobrindo totalmente toda a superfície.

Nestas condições pode-se semear até 2 quilos de sementes por m2 (metro quadrado). Em qualquer dos dois tipos, as sementes devem ser cobertas com uma camada de areia grossa, de espessura entre 1 e 2 cm. 

É conveniente, após a semeadura, cobrir o local da semeação com capim seco ou material equivalente, para conservar melhor a umidade e impedir que as sementes sejam descobertas pelo impacto da água de irrigação. Assim que se perceba o inicio da germinação essa camada de capim deve ser removida.

Condução do viveiro

As regas devem ser de tal ordem que não encharquem e nem deixem faltar água às mudas.

O controle da moléstia chamada tombamento das mudas pode ser feito preventivamente, pulverizando-se um fungicida adequado.

Pode-se forçar um desenvolvimento mais rápido das mudas, irrigando-as, quinzenalmente, a partir da formação do 3º par de folhas, com uma solução de sulfato de amônia a 0,3% (30 gramas em 10 litros d'água) ou com outros adubos nitrogenados nas quantidades equivalentes.

Cerca de 50 dias antes do plantio definitivo no campo deve ser iniciada a retirada da cobertura do viveiro, a qual deverá ser feita em etapas, descobrindo-se 1/3 de cada vez, com intervalos de uma semana. As mudas devem ficar, no mínimo, 20 dias a pleno sol antes de irem para o campo.
Para o plantio no campo devem ser usadas mudas escolhidas de tamanho uniforme. As menores devem ser mantidas nos canteiros e plantadas posteriormente.

Conservação do solo

A erosão dos solos foi no passado e talvez ainda o seja no presente, o maior fator de desgaste e decadência dos cafezais brasileiros.

Os prejuízos causados pela má conservação do solo afetam diretamente o cafeicultor, podendo comprometer irremediavelmente o sucesso de seu empreendimento.

Nestas condições, a primeira providência na instalação de um cafezal seria a de localizá-lo em terrenos capazes de suportá-lo com segurança, mediante o emprego de práticas conservacionistas simples e relativamente pouco dispendiosas.

Os solos muito íngremes ou pedregosos, pelas dificuldades que apresentam para um controle eficiente da erosão e para a execução dos trabalhos normais dentro da lavoura, são contra-indicados para a cafeicultura.

Para os solos de pequena declividade, o plantio em nível, nos espaçamentos recomendado conjugados com a utilização de certas práticas de execução simples, é suficiente para um controle eficiente das enxurradas e da erosão do solo.

Essas práticas são as seguintes:

- Redução das capinas: durante o período chuvoso, ao mínimo necessário para reduzir o arrastamento de terra pelas águas da chuva.
- Alternância das capinas: consiste em se capinar (nas lavouras plantadas em nível) rua sim rua não. Na capina seguinte o processo é invertido, fazendo-se a capina nas ruas não trabalhadas da primeira vez e assim sucessivamente. Esse processo mantém sempre os talhões de café com metade das ruas protegidas por uma barreira vegetal formada pela vegetação espontânea, a qual diminui a velocidade das enxurradas evitando a erosão do solo.
- Culturas intercalares: durante a formação do cafezal, pode plantar culturas ou adubos verdes plantados em linhas contínuas e que apresentem boa capacidade cortar o escorrimento das enxurradas, favorecendo a infiltração da água no solo.
- Herbicidas de pré-emergência: deve evitar o emprego, pois contribuem com a compactação do solo, aumentando a erosão e o escorrimento da enxurrada, prejudicando a cultura.
- Adubações: efetuar as adubações adequadas para dar à cultura principal e às intercalares um desenvolvimento vegetativo vigoroso.

Além de um determinado declive calculado em função do tipo de solo, deverão ser empregadas práticas mecânicas de conservação de solo, levando em consideração as particularidades do relevo e do tipo de solo, devendo ser consultado um técnico especializado no assunto.

Preparo do Terreno

O preparo do terreno, para o plantio de café, dependerá do uso anterior do solo. Assim, se o solo vier sendo cultivado com culturas anuais, bastará uma aração e gradagem. Em locais de pastagem ou em solos compactos, para se descompactar o solo poderá ser necessário mais de uma aração e gradagem ou até uma subsolação.

No caso do terreno de derrubadas, de mata natural ou floresta artificial, é dispensável a aração, bastando uma limpeza e coveamento.

Antes de iniciar o preparo, é aconselhável providenciar a análise do solo, para que as adubações sejam feitas mais correta e economicamente.

O preparo do terreno deverá ser iniciado a partir de abril. A seguir faz-se a locação, marcando-se as covas, que deverão ser alinhadas em nível. Também os carreadores deverão ser locados. Os carreadores em nível deverão ter uma largura média de 6 a 7 metros. Os carreadores pendentes terão uma largura média de 5 a 6 metros.

A distância entre os dois carreadores em nível, dependerá da declividade, localização e tamanho do cafezal, mas de um modo geral, essa distância deverá estar entre 8 e 15 ruas de café. O intervalo aconselhável entre os carreadores pendentes é de 50 a 70 covas. A locação dos carreadores pendentes deverá ser feita em pequenos lances, cada um unindo apenas dois carreadores em nível.

Os carreadores pendentes em lances muito compridos poderão favorecer a formação de enxurradas erodindo o solo.

Preparo das Covas

Normalmente a abertura das covas para o plantio é feita com o auxílio de enxadões. Pode-se, entretanto, sulcar o terreno no espaçamento desejado com um sulcador do tipo usado para o plantio de cana.

Esses sulcos, assim abertos, são de espaço em espaço, aprofundados e "acertados" com enxadões, transformando-se em covas.

O uso de sulcadores aumenta muito o rendimento da abertura de covas, tornando mais econômica essa operação.

Em condições normais as covas deverão ter 60cm de comprimento, 40cm de profundidade e 40cm de largura. Em caso de solos muito compactados (duros) as dimensões deverão ser maiores.

Plantio

Deverá ser efetuado durante os meses de chuva, com o solo úmido. Deve-se dar preferência para o plantio nos dias encobertos ou com chuviscos leves. Dentro das covas abrem-se covetas em número de 3, dispostas no sentido das linhas e distantes entre si de 20 a 25cm.

Adubação e Calagem

Tanto a adubação da cova como as adubações nos anos após o plantio, deverão ser baseadas na análise do solo e no estado geral da lavoura. Assim o técnico, com base nesses elementos poderá indicar a adubação mais adequada para cada caso especifico.

A adubação e calagem do cafeeiro devem ser estabelecidas pela análise do solo.

Calagem

Deve-se aplicar calcário para elevar o índice de saturação em bases (V) até 70%. Não ultrapassar 05 ton/ha/ano. Aplicar 50% da porção sobre o solo antes da aração e a outra metade depois da aração e antes da gradagem. Posteriormente, nas covas plantio, misturar 1,5 gramas por litro da terra que se vai encher as covas.

Em lavouras já instaladas distribuir o calcário sobre a superfície do solo, ao redor da planta, na estação chuvosa.

Adubação de plantio

Misturar a terra, o calcário (citado acima, 1,5 gr/l de terra), a matéria orgânica e os adubos minerais. O adubo orgânico entra na proporção de 20 a 50% de esterco de curral ou 5% de esterco de galinha ou 2% de torta de mamona. Aplicar os adubos minerais de acordo com a tabela:

 

P resina
mg Cm3

K trocável - meg/100cm3

0 - 0,15 0,16 - 0,30 0,31 - 0,60 > 60

N - P2O5 - K2O g/cova

00 - 15 0 - 30 - 25 0 - 30 - 15 0 - 30 - 10 0 - 30 - 0 
16 - 40 0 - 20 - 25 0 - 20 - 15 0 - 20 - 10 0 - 20 - 0
41 - 80 0 - 10 - 25 0 - 10 - 15 0 - 10 - 10 0 - 10 - 0
> 80 0 - 00 - 25 0 - 00 - 15 0 - 00 - 10 0 - 00 - 0


Após o "pegamento" aplicar em cobertura, de cada vez 4g/cova de nitrogênio de 45 em 45 dias durante todo o período chuvoso.

Adubação de formação

No 2º ano aplicar quatro vezes 8g/cova de nitrogênio, com intervalos de 45 dias, no período de setembro a abril. No 3º ano, de acordo ou seguindo a análise de solo aplicar os fertilizantes conforme a tabela abaixo.

P resina
mg Cm3

K trocável - meq / 100 cm3

0 - 0,15 0,16 - 0,60 > 0,60

N - P2O5 - K2O g/cova

00 - 15  60 - 12 - 36 60 - 12 - 24 60 - 12 - 00
16 - 80  60 - 08 - 36  60 - 08 - 24 60 - 12 - 00
> 80  60 - 00 - 36 60 - 00 - 24  60 - 12 - 00

Parcelar a adubação e aplicar em cobertura, três a quatro vezes no período de setembro a abril.

Adubação de produção

Deve ser feita a partir do 4º ano, em função da análise de solo, de três em três anos, observando que: produções esperadas acima de 5 litros de café em coco por planta deverão receber acréscimo de 20% de adubos/litro, das doses abaixo recomendadas; pelo menos um dos adubos utilizados deverá conter enxofre (S), devendo ser aplicado na base de 1/8 da dose de nitrogênio; em áreas carentes ou deficientes, aplicar 10 a 20 g de sulfato de zinco e borax no solo por cafeeiro; parcelar os adubos utilizados em três ou quatro vezes, no período de frutificação (setembro a abril).

P resina
mg Cm3

K trocável - meg/100cm3

0 - 0,15 0,16 - 0,30 0,31 - 0,60 > 60

N - P2O5 - K2O g/cova

00 - 15 80 - 30 - 85 80 - 30 - 60 80 - 30 - 40 80 - 30 - 00
16 - 40 80 - 20 - 85 80 - 20 - 60 80 - 20 - 40 80 - 20 - 00
41 - 80 80 - 10 - 85 80 - 10 - 60 80 - 10 - 40 80 - 10 - 00
> 80 80 - 00 - 85 80 - 00 - 60 80 - 00 - 40 80 - 00 - 00

 

 

 

Cultivo

 

Culturas lntercalares

O cultivo intercalar de outras plantas dentro do cafezal é admissível somente durante a formação deste, objetivando uma renda compensatória ao cafeicultor enquanto não tem o café produção. As culturas intercalares variam bastante quanto ao prejuízo que podem causar ao cafeeiro. As principais culturas intercalares, na ordem crescente do prejuízo, que podem causar ao cafeeiro são: feijão, amendoim, soja, arroz, algodão, milho, girassol e mamona.

Durante o período chuvoso é admissível o cultivo, por rua do cafezal, de 2 linhas de milho ou 3 de arroz ou algodão ou 4 de feijão ou outra leguminosa de baixo porte. No segundo ano poderá ser plantada uma linha de milho ou de arroz ou 3 de leguminosa. No terceiro ano apenas 1 ou 2 linhas de leguminosas, sendo contra-indicado o cultivo intercalar a partir do 4º ano.

Capinas

As ervas daninhas podem causar grandes prejuízos ao cafezal se não forem adequadamente controladas. Contudo, quando o seu crescimento não for excessivo, o seu efeito na lavoura pode ser benéfico, controlando a erosão, contribuindo para manter o nível de matéria orgânica do solo e evitando o aquecimento demasiado deste e sua compactação.

Durante os meses de seca as ervas invasoras concorrem com os cafeeiros no consumo da água disponível do solo, razão pela qual as lavouras devem ser mantidas, nessa época, livres de qualquer vegetação estranha.
A eliminação das ervas daninhas é feita pelas capinas, geralmente em número de 3 a 5 durante o período chuvoso. As capinas podem ser manuais, mecânicas ou por meio de herbicidas.

Capina manual

São feitas normalmente com o emprego da enxada. O rendimento do trabalho com a enxada é pequeno, dependendo principalmente do tamanho das ervas daninhas. A capina manual é aconselhada para o desmatamento dos cafezais antigos, plantados em espaçamentos largos e em quadra, tendo em vista que a mecanização dessas lavouras favorece a erosão.

Capina mecânica

São aconselháveis apenas para os cafezais plantados em nível e em espaçamentos funcionais, onde as distâncias entre linhas são maiores do que aquelas entre as covas nas linhas, o que permite a passagem das máquinas no sentido do terreno.

Podem ser feitas por máquinas à tração animal ou motorizada. A única máquina de tração animal que deve ser usada nas capinas do cafezal é o cultivador de 5 enxadinhas, também denominada carpideira ou planet.

As máquinas de tração motorizada só podem ser usadas em cafezais plantados em espaçamentos mais largos ou naquelas em formação.

Herbicidas

O combate de ervas daninhas pode também ser feito por meio de substâncias químicas chamadas herbicidas encontrados no mercado, obedecendo a época certa e as quantidades indicadas por técnico.

Poda

A poda é uma operação de rotina entre os cafeicultores de vários países. Vários sistemas de poda são empregados e o seu objetivo principal quase sempre é o de promover a renovação dos ramos produtivos ou de limitar o crescimento da planta, para facilidade na colheita.

A poda como é feita nos outros paises, não é conhecida nem praticada pelo cafeicultor brasileiro, pois aqui se faz mais uma operação de limpeza dos ramos mortos ou decadentes e quando muito um desbaste dos ramos considerados excessivos.

Desbaste

É feito quando há excesso de brotação no tronco (ramos ortotrópicos, ponteiros ou ladrões). O aparecimento de um ou outro ramo ladrão na planta não é prejudicial, servindo, em muitos casos, para a renovação de sua parte aérea. A ação de fatores externos, como seca, eficiência mineral, geada etc., pode, entretanto, provocar uma brotação excessiva, sendo aconselhável no caso, um desbaste, deixando 1, 2 ou 3 ramos por planta, conforme haja maior ou menor número de plantas por cova.

Cobertura Morta

É uma prática agrícola que consiste em cobrir todo o solo do cafezal, ou somente a parte exposta à ação dos raios solares, como uma camada de espessura variável de material orgânico, geralmente de capinas, restos de culturas ou resíduos do próprio cafezal.

Como resultado do emprego da cobertura morta, devem ser esperados os seguintes efeitos sobre o solo e sobre a cultura:

1. Conservação da umidade da parte superficial do solo;
2. Enriquecimento de matéria orgânica nas camadas superficiais do solo;
3. Aumento no teor de alguns nutrientes do solo, em função da natureza do material empregado e sua quantidade;
4. Baixa nas temperaturas diurnas das camadas superficiais do solo;
5. Redução do excesso do teor de manganês trocável;
6. Redução ou extinção das ervas más da lavoura;
7. Dependendo da natureza do material utilizado e outros fatores, o emprego da cobertura morta poderá resultar em aumentos significativos na