Milho

 

Generalidade 

  

 

               Atualmente, dentre os cereais cultivados no mundo, o milho coloca-se em terceiro lugar, sendo superado apenas pelo trigo e arroz.

A importância desse cereal não se restringe ao fato de ser produzido em grande volume e sobre imensa área cultivada, mas, também, pelo papel sócio-econômico que representa. É usado diretamente na alimentação humana e de animais domésticos, que em última análise chegam à nossa mesa na forma de carne, ovos, leite, queijos, etc. Constitui matéria-prima básica para uma série enorme de produtos industrializados, criando e movimentando grandes complexos industriais, onde milhares de empregos são criados. Na atividade agrícola, ou seja, na produção propriamente dita, centenas de milhares de pessoas encontram seu sustento, número fase grandemente aumentado se levarmos em consideração as pessoas envolvidas no transporte, armazenamento e comercialização desse cereal.

Por outro lado, se atentarmos parte os elementos necessários à produção, vamos encontrar grandes indústrias de máquinas, fertilizantes e defensivos, que tem sua atividade em grande parte orientada em função da produção do milho.

Os Estados Unidos da América do Norte é o maior produtor mundial de milho. O Brasil, apesar de ser um dos maiores produtores, importa milho quando ocorre valorização do dólar e dos insumos cotados por esta moeda. 

O Brasil, apesar de ser um dos grandes produtores mundiais, apresenta um rendimento muito baixo, se comparado com rendimentos alcançados em outros países como o Canadá, Suíça, EUA e França, superiores a 4.500 kg/ha.

O milho sendo uma planta relativamente rústica, no nosso meio, ela sofre uma diversificação muito grande em seu grau de tecnificação. Encontramos culturas instaladas dentro dos mais rigorosos preceitos técnicos até a cultura de fundo de quintal. É preciso conscientizar os produtores que para produzi-la a custos baixos, há necessidade de seguir à risca as recomendações técnicas mais avançadas, para o que é indispensável a aquisição de máquinas, fertilizantes, defensivos, sementes de boa qualidade, etc.

História

Em relação a história e origem do milho, dois pontos se envolvem num mistério, que até hoje tem sido objeto de muita especulação por parte dos pesquisadores. Pode-se afirmar que o milho é uma das plantas cultivadas mais antigas. Estudos arqueológicos fornecem elementos que permitem afirmar que o milho já existia como cultura, ou seja, em estado de domesticação, há cerca de 4.000 anos e já apresentando as principais características morfológicas que o definem, botanicamente na atualidade.

Quando Cristóvão Colombo descobriu a América, o milho constituiu-se, dentre os vegetais, a base alimentícia dos indígenas que aqui viviam e era cultivado desde a Argentina até o Canadá. Arqueologistas pesquisando na cidade do México descobriram grãos de pólen com cerca de 60.000 anos. Em escavações levadas a efeito na região sudeste do México, encontrou-se espigas de milho primitivo, com cerca de 5.000 a 6.000 anos de idade. Na América do Sul, no Peru, os fósseis mais antigos encontrados possuíam idade de 2.700 anos antes de nossa época.

Esses estudos permitem afirmar que o milho, provavelmente, teve origem no hemisfério americano do norte. Existe outra corrente que sugere a região de origem do milho como sendo a Ásia, mas os argumentos apresentados são menos convincentes.

Logo após a descoberta da América, o milho foi levado para Espanha, Portugal, França e Itália, onde era a princípio cultivado em jardins mais como planta exótica e ornamental. Uma vez reconhecido seu valor alimentar, passou a ser cultivado como planta econômica e difundiu-se para o resto da Europa, para Ásia e Norte da África e hoje praticamente é cultivado no mundo todo, exceto em regiões que apresentam limitações climáticas.

Muitas teorias existem procurando explicar a origem do milho e esse assunto tem empolgado muitos pesquisadores que se dedicam profundamente nesse estudo. Alguns sugerem que o milho originou-se do teosinto, ou mesmo dos ancestrais dessa planta que é um parente próximo do milho. Outros sugerem que se originou de um milho primitivo tunicado, mas, por outro lado, ignora-se a origem desse milho primitivo.

Botânica

Dentro da classificação botânica, o milho pertence à ordem Gramineae, familia Grimanaceae, sub-famflia Panicoideae, tribu Maydeae, gênero Zea, espécie Zea may. O Gênero Zea é considerado monotípico e constituído por uma única espécie, ou seja, Zea mays L.

Descrição da Planta

Semente: A semente lançada ao solo, havendo condições favoráveis de unidade e temperatura, germina após 5 ou 6 dias.

A semente do milho é um tipo especial de fruto, botanicamente classificado como cariopse. Apresenta basicamente três partes: o pericarpo, endosperma e o embrião. O pericarpo é a camada mais externa, fina resistente, constituindo a parede externa da semente. O endosperma é a parte mais volumosa da semente, é envolvida pelo pericarpo e constituída de substâncias de reserva principalmente o amido e outros carboidratos. A parte mais externa do endosperma e em contato com o pericarpo denomina-se camada de aleurona, rica em proteínas e enzimas, que desempenham papel importante no processo de germinação. O embrião encontra-se ao lado do endosperma e parcialmente envolvido por file.

O embrião nada mais é do que a planta em miniatura, pois já possui primórdios de todos os órgãos da planta desenvolvida.

Sistema radicular: No inicio da germinação, a parte do embrião correspondente à radícula desenvolve-se em uma raiz, rompendo as camadas externas da semente, aprofunda-se no solo, em sentido vertical. Logo em seguida surgem as raízes secundárias que se ramificam intensamente e a raiz primária se desintegra. Posteriormente, há o aparecimento das raízes adventícias que partindo dos primeiros nós do colmo orientam-se no sentido de atingir o solo. Essas quando chegam a alcançar o solo, ramificam intensamente contribuindo par melhor fixação da planta.

As raízes secundárias e adventícias intensamente ramificadas num sistema radicular denominado fasciculado, esse sistema raramente penetram mais que 40 cm  no solo e plenamente desenvolvido atinge um raio de cerca de 50 cm em torno da planta.

Parte aérea da planta: Na planta de milho, recém germinada, quando apresenta cerca de 15 cm de altura, o caule já se encontra completamente formado, possuindo todas as folhas, os primórdios da inflorescência feminina que se constituirá na espiga, localizada na axila das folhas e também primórdios da inflorescência masculina (flecha ou pendão), situada no ápice do caule. Desse ponto em diante, o crescimento da planta é resultante do aumento das células em número e volume.

A parte aérea da planta atinge a altura em torno de 2 metros, podendo variar em função da variedade ou híbrido, condições climáticas, fertilidade do solo, etc..

É constituída pelo colmo que é ereto, via de regra, não ramificado, apresentando nós e inter-nós também denominados meritalos, de natureza esponjosa, relativamente ricos em açúcares o que lhes confere sabor adocicado.

As folhas dispõem-se alternadamente e inserem-se nos nós. São constituídas de uma bainha invaginante, pilosa de cor verde clara e limbo-verde escuro, estreito e de forma lanceolada, possuindo bordos serrilhados com uma nervura central vigorosa e em forma de canaleta. Entre a bainha e o existe a lígula que é estreita e de natureza membranosa.

A planta do milho é monóica, isto é, possui os dois sexos na mesma planta, separados em inflorescências diferentes.

Assim é que possui as flores masculinas numa panícula terminal, conhecida pelo nome de flecha ou pendão e as femininas em espigas axilares.
A panícula, que contém as flores masculinas, é formada por um central que termina num ramo principal, abaixo do qual partem lateralmente ramificações secundárias, que podem ramificar-se dando as terciárias.  A região de ligação da panícula com o caule constitui o pedúnculo. Essa inflorescência pode atingir de 50 a 60cm de comprimento possuindo coloração variável podendo ser esverdeada, marrom ou vermelho escuro.

As flores masculinas dispõem-se ao longo do ramo principal e das ramificações. Cada flor é constituída de 3 estames protegidos por duas formações membranosas chamadas lema e palea. Dois desses conjuntos são protegidos por duas plumas formando uma espigueta. Essas espiguetas são inseridas nos ramos das inflorescências em grupo de duas, sendo uma pedunculada e outra séssil, ou seja, sem pedúnculo. Essas duas flores amadurecem seus grãos de pólem em períodos diferentes, sendo que a produção de pólem dura cerca de 8 dias e cada panícula pode produzir até 50 milhões de grãos de pólen.

A inflorescência feminina, ou espiga, é constituída por um eixo ou ráquis (sabugo) ao longo do qual dispõem-se as reentrâncias ou alvéolos. Nesses alvéolos, desenvolvem-se as espiguetas aos pares como na inflorescência masculina. Cada espigueta é formada por duas flores, sendo uma fértil e outra estéril. Cada flor é coberta por duas glumelas e o conjunto de duas flores é recoberto por um par de glumas. Cada flor feminina é constituída de um ovário unilocular, ou seja, com uma única loja no interior da qual existe um único óvulo. Saindo do ovário desenvolve-se o estilo-estigma bífido, dividido em dois na sua extremidade livre. O conjunto de estilo-estigma é que vem a constituir o cabelo, barba ou boneca do milho. A espiga externamente é protegida pelas palhas.

Polinização no milho: A polinização consiste na transferência do grão de pólen da antera da flor masculina ao estigma das flores femininas. A planta de milho, pela sua organização morfológica, impede que haja autofecundação, ou seja, a polinização de uma espiga por grãos de pólen da mesma planta. O grão de pólen de uma planta, normalmente através de agentes naturais1 principalmente correntes aéreas, atinge a barba da espiga de outras plantas. Ocorre normalmente apenas cerca de 2% de autofecundação, razão pela qual se diz que o milho é tipicamente uma planta de polinização cruzada. Para que haja polinização, há necessidade que as flechas estejam soltando pólen e a receptividade das barbas seja coincidente com essa soltura de pólen. Normalmente as barbas ficam receptivas por vários dias, assim como a flecha também solta pólen por vários dias. Essa situação garante a polinização de todas as espigas e se algum fator estranho ocorrer, pode haver queda da produção devido a uma polinização deficiente.

Uma vez processada a polinização, ocorre a fecundação propriamente
dita, que é um fenômeno complexo, resultando a formação do fruto comumente denominado grão.

 

Clima e Solo

 

O milho é uma planta que exige, durante o seu ciclo vegetativo, calor e umidade suficientes para produzir satisfatoriamente, proporcionando rendimentos compensadores.

Pelo grande número de variedades existentes e o aprimoramento dos métodos de melhoramentos através da Genética, criando novas variedades e híbridos, esse cereal encontra possibilidade de cultivo em uma larga faixa do globo com grandes variações climáticas, apesar de sua origem tropical.

Quanto à latitude, encontramos o milho sendo cultivado desde 58ºN no Canadá e União Soviética, até 40ºS na Argentina. No que se refere à altitude, é produzido desde altitudes negativas, ou seja, abaixo do nível do mar, na região do mar Cáspio até altitudes de 3.600 metros nos Andes Peruanos.

Para as zonas temperadas, que possuem verão curto com dias longos, existem variedades precoces que em apenas 3 meses após semeadas, podem ser colhidas. Para as regiões equatoriais úmidas o ciclo da planta poderá atingir 10 meses ou mais. Nas regiões subtropicais ou tropicais, como ocorre no Planalto Central do Brasil, cultiva-se normalmente variedades ou híbridos de ciclo intermediário.

A temperatura é fator limitante para a cultura do milho, existindo trabalhos demonstrando que, em regiões onde a temperatura média diária no verão é abaixo de 19,5ºC ou a temperatura média da noite cai abaixo de 12,8ºC, o milho não tem condições de produzir.

Quanto à capacidade de germinar e iniciar o desenvolvimento vegetativo, poucas linhagens conseguem germinar satisfatoriamente em temperaturas abaixo de 10ºC.

O período de florescimento e maturação é acelerado em temperaturas médias diárias de 260C e retardado abaixo de 15,5ºC.

Quanto ao regime pluviométrico, regiões onde a precipitação varia de
250mm até 5.000mm anuais possibilitam a instalação da cultura de milho.

Admite-se que o mínimo de 200 mm de precipitação, durante o verão, é indispensável para a produção sem irrigação.

O clima mais favorável à cultura é aquele que apresenta verões quentes e úmidos durante o ciclo vegetativo, acompanhado de invernos secos o que vem a facilitar a colheita e o armazenamento.

No Brasil, com exceção de algumas regiões da Bacia Amazônica, do Nordeste e extremo Sul, não há limitação climática para a produção do
milho.

Escolha do terreno

A escolha do terreno para a cultura do milho tem grande importância para que se consiga produções elevadas, capazes de proporcionar lucros compensadores. Deve-se destinar a essa cultura, preferivelmente, as glebas que possuem solos férteis, profundos, soltos e de boa permeabilidade à água e ao ar. Os solos encharcados não se prestam à cultura do milho.

As glebas devem ser planas ou apresentar inclinações suaves, permitindo assim a maior mecanização possível de todas as operações exigidas pela cultura. Nas glebas muito acidentadas, não permitindo a mecanização, tem que se empregar mais mão-de-obra para realizar as operações necessárias, fazendo com que os lucros diminuam, além de apresentarem sérios problemas de controle da erosão, provocada pelas enxurradas.

Solo

Uma vez escolhido o terreno, o lavrador deve retirar a amostra do solo e enviá-la ao laboratório, onde será realizada a análise química através de laboratórios ou das Casas da Agricultura. A coleta de amostras de solo deve ser efetuada com bastante antecedência, para que as recomendações de adubação cheguem às mãos dos lavradores em tempo adequado. Assim a aquisição de corretivos e fertilizantes será feita com certa antecedência, evitando atropelos de última hora. Agindo dessa maneira, o lavrador terá tempo suficiente para se informar convenientemente sobre os fertilizantes a serem adquiridos e também a firma que lhe possa fornecê-los a melhores preços e condições. O lavrador não deve se esquecer do fato de que saber comprar influi também no lucro final de seu empreendimento.

As instruções, para a coleta de amostras de terra para a análise química, devem ser observadas atenciosamente pelos lavradores. Essas instruções encontram-se detalhadamente descritas no verso do formulário que deve ser preenchido pelo lavrador e, se possível, com o auxílio de um Técnico. É interessante frisar que alguns laboratórios não procedem a análise de solo sem que esse questionário seja  preenchido.

Outro ponto importante é a exatidão das informações que devem ser prestadas por ocasião do preenchimento desse questionário. Esse questionário consciente, exato e completamente preenchido, constitui um elemento de muito valor para o técnico que vai recomendar a adubação. Permite, juntamente com os dados obtidos no laboratório, fazer a recomendação mais adequada, principalmente do ponto de vista econômico.

Preparo do solo

O milho, como todas as culturas, tem necessidade de ser semeado num terreno bem preparado, sem o que a semente não terá condições favoráveis para uma boa germinação e também a planta terá dificuldades para desenvolver-se, acarretando queda da produção. Um bom preparo do solo visa, primordialmente, melhorar a relação solo-ar-água, além de eliminar as ervas daninhas que normalmente infestam as glebas, nos períodos que ficam desocupadas entre uma cultura e outra. Para que o preparo de solo seja satisfatório e as plantas venham se beneficiar, deve-se proceder, em primeiro lugar e preferencialmente, com alguma antecedência, a destruição dos restos da cultura que ocupou a gleba no ano anterior. Para isso o lavrador lança mão de grade de discos, roçadeira de pasto ou rôlo-faca. Não possuindo esses implementos, deve-se fazer o enleiramento desses restos no sentido de "cortar as águas" ou seguindo as curvas de níveis, se estas já estiverem marcadas sobre a gleba. Essa medida visa proteger o solo contra a ação das enxurradas, evitando a erosão e as queimadas, que podem vir, com o correr dos anos, comprometer seriamente a fertilidade do solo. A destruição dos restos culturais facilitar a sua decomposição bem como as operações, seqüentes, principalmente, a aração, semeadura e operações de cultivo.

A aração deve ser processada a urna profundidade de 15 a 20cm, em número de uma ou duas conforme as condições e o tipo de solo. Se o terreno vem sendo cultivado seguidamente durante os últimos anos, uma única aração é suficiente. Se for terreno de pastagem ou estiver em descanso, enfim, estiver mais "sujo", poderá haver necessidade de duas arações, para que todos os restos fiquem bem enterrados e não venham a constituir obstáculos para as operações futuras, principalmente a semeadura que é uma operação que deve ser realizada com bastante capricho e exatidão.

Segue a operação de gradagem que nos solos leves, arenosos, uma só, nas vésperas da semeadura, é o suficiente. Nos solos mais pesados, argilosos (terra roxa), pode haver necessidade de mais de uma gradagem.

Qualquer que seja o tipo de solo e as condições em que se encontra, o importante é que, no final do preparo, esteja bem destorroado, para que as sementes e posteriormente as plantas encontrem as melhores condições de germinar e desenvolver-se bem.

A gradagem feita nas vésperas da semeadura serve também para evitar que as ervas daninhas concorram com as plantas de milho, logo no início de seu desenvolvimento, época essa em que são mais prejudicadas pela concorrência de plantas invasoras.

A destruição dos restos culturais pode ser iniciada desde terminada a colheita anterior, geralmente do mês de maio em diante, até fins de agosto. No início de setembro, ou mesmo antes, havendo condições de umidade ou conforme o tipo de solo, já se inicia a atação seguida das gradagens necessárias. Essas épocas referem-se às condições do Estado de São Paulo. O importante é que, no período compreendido entre fim de setembro e início de outubro, o solo esteja em perfeitas condições de receber as sementes.

A conservação do solo implica numa série de medidas, todas orientadas no sentido de preservar ou melhorar a sua fertilidade e evitar as perdas por erosão. Assim é que o lavrador deve manter o controle sobre queimadas, adubações, rotação de culturas, executar culturas em faixas alternadas, alternar capinas, adotar plantio em nível, construir cordões em contorno e fazer terraceamento. As práticas mecânicas de conservação do solo devem ser aliadas às práticas vegetativas para que o conjunto se reflita numa conservação racional, eficiente e segura.

Sendo um conjunto de práticas relativamente complexo, o lavrador deve sempre recorrer a um Técnico para que seja devidamente orientado, evitando assim perda de tempo e dinheiro.

 

Plantio

Semeadura

O milho, no Estado de São Paulo, pode ser semeado desde setembro até novembro, conforme as condições de umidade do solo. A época mais recomendada, conforme experiências realizadas, é o mês de outubro.

Não se deve antecipar e nem atrasar muito a época de semeadura, tomando-se como referência o mês de outubro. Pode-se observar, na prática, que há uma queda progressiva de produção, principalmente quando a época de semeadura é retardada para os meses de novembro e dezembro. Esses dados são válidos para a Região  Sul do Brasil, de Minas até o Rio Grande do Sul. Para o norte do país o milho é semeado nos meses de março a abril.
Para o Estado de São Paulo, a semeadura sendo realizada em outubro, o florescimento ocorrerá em dezembro-janeiro que normalmente é uma época do ano bastante chuvosa. Sabe-se que durante o período de florescimento, que ocorre entre 75 e 80 dias após a semeadura, é a fase em que as plantas de milho mais necessitam de calor e umidade no solo. Portanto a semeadura de outubro é a que mais convém e a que oferece mais segurança no sentido do solo possuir umidade suficiente, no período de maior necessidade das plantas.

Um dos pontos básicos para o sucesso econômico de uma cultura de milho é a aquisição, por parte dos agricultores, de sementes de "boa qualidade".

Se há um ponto em que o lavrador não deve procurar economizar é na aquisição de boas sementes, pois de nada adiantará gastos elevados com um bom preparo de solo, adubação, cultivos, etc. se o material semeado não tiver condições de lhe proporcionar uma cultura altamente produtiva. Do gasto total, desde o preparo de solo até a colheita, a aquisição de boas sementes não ultrapassa, via de regra, 4 a 5% desses gastos.

Quando os técnicos insistem, junto aos lavradores, no sentido de empregar sementes selecionadas de híbridos ou variedades, há razões diversas para justificar essa insistência:

- a produção é maior, cerca de 25 a 30% mais que as variedades antigamente cultivadas ou qualquer outra semente sem origem determinada, ou seja, sementes retiradas do próprio paiol do lavrador;
- os híbridos possuem maior resistência às condições desfavoráveis, principalmente falta de chuvas; possuem sistema radicular mais vigoroso, possibilitando maior exploração do solo na absorção de nutrientes, maior resistência ao acamamento, doenças, etc;
- possuem grande uniformidade tanto no que se refere ao tamanho das plantas como a altura de inserção das espigas, o  que vem facilitar a colheita, principalmente mecanizada;
- os híbridos permitem a obtenção de grãos uniformes, tanto na cor como na consistência, apresentando-se comercialmente mais vantajosos;
- atualmente, com o sistema de crédito agrícola orientado, adotado por parte da rede bancária, tanto oficial como particular, há exigências no sentido de que o lavrador, para obter financiamento de sua atura, use semente selecionada.

Calagem e Adubação

Conforme os resultados da análise da terra enviada pelo lavrador, juntamente com outras informações sobre a gleba onde será cultivado o milho o Técnico recomendará a adubação mais adequada e aplicação de corretivos se for necessário.

Calagem: A erosão, o cultivo intensivo, o clima e a própria origem do sol podem ser os responsáveis pela menor ou maior acidez de um solo. A acidez de um solo é expressa por um índice denominado pH (potencial hidrogeniônico). A escala de pH varia de 0 a 14, sendo que 07 é o valor neutro.
Quando numa análise aparece pH menor que 07 dizemos que o terreno é ácido, pH maior que 07 é alcalino. As plantas de modo geral requerem um solo que não possua acidez elevada, ou seja, o índice pH deve girar entre 06 e 07.

Existem plantas que toleram um solo apresentando pH mais baixo, portanto, mais ácido, outras já exigem solos com pH mais elevado, até mesmo acima de 07.

O milho desenvolve-se bem em solos cujo índice pH esteja compreendido entre 5,5 e 7,5. Existe outro tipo de acidez determinada por altos teores de Alumínio trocável no solo denominada acidez nociva ou tóxica, esta de grande importância, sendo causa de baixas produtividades, em muitas culturas de milho. O alumínio quando aparece livre no solo acima de certos limites, é um elemento tóxico às plantas.

Essas formas de acidez quando ocorrem em um solo, procura-se neutralizá-las através da calagem que nada mais é que a aplicação de materiais contendo cálcio e capazes de diminuir ou mesmo eliminar essa acidez. Esses materiais contendo Cálcio são denominados genericamente de corretivos sendo o principal o Pó Calcário e dentre os tipos de Calcário, o Dolomítico é o mais empregado, pois contém cerca de 25 a 30% de CaO e 13 a 20% de MgO, sendo o magnésio um elemento importante na nutrição vegetal.

Para a cultura do milho, dados experimentais demonstram que para uma exploração econômica o pH não deve ser inferior a 5,0 e o teor de cálcio inferior a 2,0 e.mg/100ml de solo.

Com o pH acima de 5,4 a experimentação demonstrou que não há resposta a aplicação de calcário e entre os valores 5,0 e 5,4 a resposta e intermediária. Desses resultados deduz-se que as recomendações de calagem só devem ser feitas, depois de obtido, através da análise da terra o índice pH e o teor de Cálcio do solo. Quando houver necessidade de aplicar o calcário, mesmo que pelos resultados analíticos haja necessidade de quantidades razoáveis de corretivo, do ponto de vista prático é aconselhável não ultrapassar a quantia de 2 toneladas/ha por ano.

Quanto a época de aplicação, o calcário deve ser esparramado sobre o solo com bastante antecedência, no mínimo 60 dias antes da semeadura, e igualmente distribuído sobre o terreno. A pesquisa determina que o melhor resultado se obtém quando a dose recomendada é aplicada parceladamente, sendo a metade dessa dose aplicada ante da aração e a outra metade depois da aração, fazendo-se em seguida a incorporação pela gradagem.

A ação benéfica da calagem reflete-se às vezes, não pelo fato de se conseguir uma elevação do índice pH do solo, mas sim, pela eliminação do Al+++ trocável do solo (acidez nociva).

A calagem corretamente recomendada aumenta a eficiência da adubação mineral, tornando-a econômica, quando não o seria, levada a efeito sem a devida correção do solo. Por essa razão a aplicação isolada do calcário como corretivo é contra indicada.

A calagem quando praticada em excesso pode acarretar o desequilíbrio catiônico do solo, prejudicando a absorção pelas plantas do potássio e do magnésio. Pode também pela elevação a níveis superiores do pH, diminuir a disponibilidade de micro-nutrientes como o manganês, ferro, boro, cobre e zinco e reduzir a solubilidade do fósforo e provocar a perda de fertilizantes nitrogenados (Na amoniacal). Por essas razões e outras já apontadas a calagem é uma prática que deve ser orientada por Técnicos e o agricultor nunca deve processá-la sem uma consulta prévia com os técnicos.

Calculo de Calagem

- Abudação de Plantio: Em função dos teores de fósforo e potássio dados pela análise do solo.

- Adubação em cobertura: Aplicar 40 kg/ha de nitrogênio;

- Calagem: A quantidade de calcário deve ser calculada com base na análise de solo e de acordo com a fórmula:

N.C. = T(V2 - V1) x f

100


NC = necessidade de calcário em tom/ha;
T = capacidade de troca catiônica do solo ou a soma de k+Ca+Mg+H+H, em e.mg/100cm3de terra, dados pela análise do solo;
V2 = porcentagem de saturação de bases desejada, para milho usar 60%;
V1 = porcentagem de saturação de bases fornecidas pela análise do solo;
f = 100/ORTN; fator de correção considerando a qualidade do corretivo, sobretudo o grau de finura; pode-se usar f =1,5.

Adubação

As aplicações de fertilizantes juntamente com a colheita, são os dois fatores que atualmente mais oneram o custo de produção do milho. Por essa razão a adubação é uma prática que deve ser levada a efeito sob uma orientação segura.

A base para essa orientação é a análise química do solo e as demais informações sobre a gleba, contidas no questionário enviado ao laboratório, juntamente com a amostra de terra. Cada gleba de terra, conforme a análise, o tipo de solo e o seu uso atual, constitui-se num caso particular para recomendação de uma adubação racional, razão pela qual não se deve indicar uma fórmula geral.

A adubação da cultura de milho é feita normalmente em duas fases:
a adubação básica e a adubação nitrogenada em cobertura.

A adubação básica NPK é aplicada no sulco, via de regra, concomitantemente à operação de semeadura. Nessa ocasião aplica-se a dose total recomendadas de fósforo e potássio e apenas 1/4 a 1/3 da dose total de Nitrogênio.

Deve-se tomar cautela para que os fertilizantes fiquem fora de contato com as sementes, para que não haja perigo de prejudicar a germinação.

A posição ideal do fertilizante em relação às sementes no solo é que fique ao lado e pouco abaixo das mesmas.

A aplicação de Nitrogênio em cobertura deve ser processada aos 35 dias após a germinação e preferivelmente após um dos cultivos, para que o fertilizante não venha a beneficiar ervas daninhas existentes no terreno, em prejuízo das plantas de milho. Um outro ponto de referência para a aplicação do fertilizante nitrogenado em cobertura, é quando as plantas estejam a altura dos joelhos.

Tanto na aplicação da adubação básica como em cobertura o fertilizante deve ser distribuído mais homogeneamente possível e na dosagem correta. Para isso há necessidade de regular com exatidão as adubadeiras.

Esse equipamento quer seja de tração animal ou motora, só fica bem regulado quando o teste é feito em condições de trabalho, sobre a terra que vai ser trabalhada. Para isso o lavrador primeiramente faz uma regulagem grosseira, depois com o recipiente devidamente cheio de adubo, percorre uma determinada distância, 50m, por exemplo, no próprio terreno, como se estivesse realmente semeando e adubando, tendo o máximo cuidado de fechar a saída do adubo, próximo ao solo, com um saquinho plástico.

Percorrida essa distância previamente marcada, retira-se o saco plástico e pesa-se, verificando, posteriormente, se a quantia de adubo que caiu, confere com a quantia que deve ser distribuída por metro de sulco. Se cair demais ou de menos, por tentativa, deve repetir essa operação até que a quantia caída seja a recomendada. Esse trabalho feito em terreno firme, sobre piso ladrilhado ou girando a roda motora da adubadeira quando levantada, nunca dá a regulagem exata que se obtém quando se efetua essa tentativa sobre o próprio terreno e nas condições que se apresenta, condições essas reais de trabalho. O evidente que dá um pouco mais de trabalho, mas compensa.

É conveniente que de vez em quando a regulagem seja conferida, pois pode haver alteração principalmente com as mudanças do estado de umidade do solo, condições de preparo do mesmo e também por variações de umidade e estado de agregação do fertilizante.

Quantos aos resultados da adubação química em termos de aumento de produção, de modo geral há uma resposta positiva, mas é conveniente que o lavrador não despreze o aspecto econômico dessa prática, pois nem sempre a maior produção é a mais econômica, ou seja, a que dá mais lucro. As recomendações de adubação devem levar em consideração não só as exigências da planta e do solo, mas também o fator econômico dessa prática, e os resultados obtidos em condições de grandes culturas no Estado de São Paulo, comprovam que a adubação feita segundo as recomendações técnicas, via de regra, dão resultados econômicos altamente compensadores.

Finalmente outro aspecto importante sobre adubação e que tem grande significado no aumento de produção é relativo à matéria orgânica. É notadamente sabida a deficiência de matéria orgânica na grande maioria de nossos solos. Qualquer adição de matéria orgânica quer seja através da adubação verde, esterco de curral, de galinha, etc., obtém-se respostas altamente significativas.

Nota-se em geral, grande desperdício de tão valioso material nas nossas fazendas, razão pela qual faz-se um alerta aos lavradores que procurem racionalmente levar esse material aos campos de cultura, ao invés de perdê-lo por simples abandono.

Semeadura

A semeadura compreende diversas operações e normas técnicas que devem ser adotados pelos lavradores. Pode-se mesmo afirmar que a semeadura, feita corretamente, é uma das operações que maior implicação tem na produção a ser obtida. Mesmo que o solo seja muito bem preparado, conservado, fertilizado, produções medíocres serão obtidas se a semeadura não for feita corretamente. Espaçamento, quantidade de semente e modo de semear, são os três aspectos mais importantes da operação de semeadura e para os quais o lavrador deve voltar toda a sua atenção e procurar executá-los da melhor maneira possível, para que prejuízos futuros não ocorram.

A primeira operação a ser executada é o sulcamento ou riscação do terreno. Se a semeadura for executada por semeadeiras de tração com trator, de duas ou mais linhas, o sulcamento é feito simultaneamente com a operação de semeadura propriamente dita. Essas semeadeiras normalmente possuem os sulcadores adequados para essa operação. Quando se emprega a semeadeira de tração animal, há necessidade de executar a riscação ou sulcamento do terreno numa operação independente da semeadura. Com as semeadeiras de tração animal não é possível executar as duas operações simultaneamente, como nas de tração motora.

O sulco ou risco deve ter uma profundidade em torno de 15cm. e largura de 30cm, conforme o esquema abaixo.

Executado segundo essa recomendação, esse sulco apresenta vantagem, principalmente no que se refere à facilidade de cultivo para controle de ervas daninhas, que se desenvolvem junto com as plantas de milho, logo após a germinação.

Quando na gleba já estão locadas as linhas de nível, o sulcamento deve obedecer ao sentido das mesmas. Caso não haja essa marcação, será executado procurando a direção que "corte as águas".

A segunda operação é a semeadura propriamente dita e que envolve principalmente espaçamento, regulagem das semeadeiras e cobertura das sementes.

O espaçamento adotado deve ser o de 1metro entre os sulcos e as semeadeiras reguladas para deixar cair de 6 a 7 sementes por metro do sulco, quando se tem um semente com 90% para mais de germinação. As semeadeiras, tanto de tração animal como motora, possuem duas aletas colocadas posteriormente do local que deixa cair às sementes no solo, que devem ser bem reguladas para que a quantia de terra colocada sobre a semente seja uma camada uniforme, de 5 cm mais ou menos.

Essa recomendação relativa à quantidade de sementes por metro de sulco é dada no sentido de se obter, no final do ciclo da cultura, cinco plantas produtivas por metro, que é a população ideal de plantas por unidade de área, ou seja, 50.000 plantas por ha ou cerca de 120.000 plantas por alqueire paulista.

Resultados obtidos nos ensaios de espaçamento de milho, realizados pelo Instituto Agronômico de Campinas, mostraram os seguintes resultados:

Espaçamento
(em metro)

Produções obtidas em kg/ha

1 planta

2 plantas

0,20  4.690 4.060 
0,40 3.930 4.460
0,60 3.210 4.120
0,80 2.720 3.690
1,00 2.160  3.240

Pelo quadro acima, nota-se que o espaçamento de melhor resultado foi o de 20cm entre uma planta e outra. Como os sulcos são distanciados 1 metro entre si, a população das plantas será da ordem de 50.000 por hectare.

O espaçamento pode sofrer variações, pois a recomendação acima pode não ser a mais correta levando em consideração a fertilidade do solo, ou a quantidade de fertilizantes aplicados. Por essa razão, o lavrador que vem plantando milho ou outra cultura durante anos seguidos, portanto, conhecendo bem a capacidade de produção de seu solo, deverá ter o conhecimento do espaçamento que melhor produz em suas terras.

A recomendação de 6 a 7 sementes por metro de sulco, com o objetivo de se obter 50.000 plantas/ha, é a que proporciona melhor resultado, partindo do princípio de que o solo seja bastante fértil ou as adubações corretamente processadas.

Como se pode notar, a quantia de sementes que se recomenda, está um pouco acima do número de plantas que se pretende obter por metro de sulco. Essa recomendação é plenamente justificável porque dificilmente 100% das sementes germinarão e mesmo que germinem algumas plantas poderão sofrer danos mecânicos por ocasião dos cultivos, serem atacados por alguma praga, etc. Há assim uma garantia de se obter uma população razoável por unidade de área, sem o que infalivelmente não se obterá as melhores produções, mesmo que todas as operações e adubação sejam corretamente executadas.

Essas recomendações para a operação de semeadura partem do princípio de que o lavrador possua, pelo menos, uma semeadeira/adubadeira, de tração animal. A semeadura realizada manualmente, ou com equipamento mais rudimentar, deixa muito a desejar, e, só se justifica para áreas muito pequenas, que não compense ao lavrador possuir um animal, e uma semeadeira/adubadeira. É um equipamento relativamente barato e serve também para adubar e semear outras culturas, o que torna sua aquisição menos onerosa.

 

 

Cultivo

 

Controle de plantas invasoras

Havendo condições favoráveis de umidade e temperatura no solo, as sementes germinarão, em média, cinco dias após a semeadura. Depois da germinação, há necessidade de controlar o desenvolvimento de ervas daninhas que aparecem junto com a cultura. Se o terreno foi bem preparado e o sulco de semeadura feito de acordo com a recomendação já descrita, os cultivos, visando principalmente o controle das ervas más, poderão ser executados empregando-se o planet de cinco enxadinhas ou gradinha de dentes, que são equipamentos simples e baratos e altamente eficientes, quando corretamente usados. Em culturas mais extensas e altamente tecnificada, cultivadores de tração motora são usados com muito bom resultado, mas exige operador muito prático e habilidoso.

Os cultivadores de tração motora devem ser muito bem regulados e exigem que a semeadura tenha sido executada com muita exatidão visando o emprego desse tipo de equipamento no controle das ervas daninhas.

O uso da enxada deve ser abolido, é uma prática cara e morosa e só se justificaria para pequenas culturas. Também o emprego de instrumentos que aprofundam muito no solo, como o "bico de pato", deve ser evitado, principalmente se houver necessidade de cultivar quando as plantas já se encontrem mais desenvolvidas. Esses tipos de instrumentos causam danos ao sistema radicular das plantas, o que vem refletir negativamente sobre a produção final.

Os cultivos devem ser iniciados logo que as ervas daninhas nasçam, tendo o cuidado de não deixá-las desenvolver. Elas concorrerão com as plantinhas de milho em água e nutrientes e se crescerem demais se torna difícil o seu controle, sem causar danos à cultura de milho, que está também iniciando o crescimento. Normalmente, dependendo da infestação de ervas daninhas no terreno, dois ou três cultivos são suficientes para manter a cultura no limpo até os 34 ou 40 dias (época da adubação nitrogenada aplicada em cobertura).

Nesse primeiro período de desenvolvimento das plantas, a cultura não pode sofrer concorrência do "mato", o que é muito prejudicial à produção. Passada essa fase, via de regra, o mato não tem mais condições de concorrer com as plantas de milho devido ao seu rápido desenvolvimento e conseqüente sombreamento do solo, criando condições desfavoráveis para as ervas daninhas.

A importância da semeadura feita em sulco largo e profundo ressalta agora, principalmente, no primeiro cultivo, pois os cultivadores recomendados, além de destruírem as ervas daninhas nas entrelinhas provocam retorno de uma certa quantia de terra ao sulco original, "abafando" a sementeira que vem desenvolvendo junto da planta de milho. Essa operação evita o uso da enxada para capinar junto das plantas, o que é altamente vantajoso.

Essa pequena amontoa (chegar a terra ao pé das plantas) é também benéfica no sentido das plantas ficarem mais firmes ao solo, evitando a ação maléfica de ventos fortes que normalmente podem, provocar acamamento, o que também pode comprometer a produção.

Considerou-se até aqui apenas o cultivo mecânico. Atualmente, é possível lançar mão do cultivo químico, através de produtos generalizadamente chamados de herbicidas. Quanto ao uso de herbicidas na cultura de milho, encontra-se no comércio diferentes produtos que oferecem resultados muito bons no controle de ervas daninhas. Há limitações de ordem econômica no uso desses produtos e só devem ser aplicados sob uma supervisão técnica rigorosa.

As dosagens, regulagens corretas de aplicadores, tipos de ervas daninhas a serem combatidas, o tamanho e idade dessas ervas, tipo de solo e condições climáticas são os principais fatores a serem considerados para que uma aplicação de herbicida seja correta.

O lavrador, por medida de segurança, se optar, por alguma razão, pelo cultivo químico, deve solicitar a supervisão de um técnico. Qualquer erro de dosagem, de época de aplicação, ou mesmo de produto não adequado para as condições de sua cultura, poderá comprometer seriamente a produção ou não dar o resultado desejado. Os herbicidas, quando mal aplicados, podem ser tóxicos às plantas e ao meio ambiente.

Raleação

Como a quantia de sementes recomendada deve ser um pouco além do número de plantas que se pretende obter por unidade de área, no final do ciclo da cultura, pode haver necessidade de desbastar ou ralear, operação essa que consiste em arrancar algumas plantas para ajustar o número de plantas recomendado por metro de sulco. Essa operação de desbaste deve obedecer a certo critério no que diz respeito à época ou tamanho da planta. Pelos ensaios realizados no Instituto Agronômico de Campinas, em relação à época de desbaste, quando houver necessidade, os resultados indicam o melhor momento é que ocorra aos trinta dias após o plantio. Em terrenos muito férteis e quando as condições de umidade e calor são francamente favoráveis, talvez haja vantagem em antecipar um pouco a época do desbaste, pelo fato do crescimento das plantas ser mais rápido.

 

Colheita

 

 

O milho semeado em outubro, estará no ponto de colheita entre abril e maio, ou seja, cerca de 160 a 180 dias após a semeadura. O milho deve ser colhido quando a planta estiver bem saca e os grãos não devem apresentar mais de 15% de umidade. Se houver chuvas durante a colheita, deve esperar que as espigas tornem a secar na própria planta e depois reinicia-se a colheita, para impedir que as espigas sejam armazenadas úmidas.

A colheita pode ser executada por processos manuais ou mecanizado, através de colhedeiras.

No processo manual, o colhedor apanha as espigas e coloca-as em jacás ou balaios, despejando-as em pequenos montes denominados balisas ou bandeiras. Depois da colheita da gleba, ou nos últimos dias da semana, é que se processa o amontoamento, agora em montes maiores, que serão transportados aos paióis ou aí permanecerão à espera da debulhadeira.  Esse é o processo corrente entre nós e que apresenta uma série de defeitos, razão pela qual deve ser abandonado. Mesmo que não adote a colheita manual pelo processo da "colheita direta", que descreveremos a seguir, não se deve deixar o milho durante muito tempo amontoado em "bandeiras" ou "balisas", espalhado pela roça. Deve-se procurar amontoar o milho quando se colhe no dia, evitando assim que as espigas fiquem em contato com solo e apanhando umidade pelo sereno ou mesmo de chuvas ocasionais. Em montes maiores já se pode pensar em fazer uma proteção com os colmos das plantas, forrando bem o solo no local onde se vai iniciar o monte e depois os cobrindo, também com os colmos do próprio milho.

Manual

A colheita manual também pode ser executada por um outro processo denominado de "colheita direta", que é mais rápido e não apresenta os inconvenientes que acabamos de descrever acima. Os colhedores nesse caso conforme vão colhendo as espigas, atiram-nas em uma carroça ou carreta que os acompanha na mesma marcha que se desenvolve a colheita. A carroça ou carreta possui um anteparo de pano colocado no centro e acima da carroceria no sentido de seu comprimento, tal como um lençol no varal, permitindo que os colhedores de ambos os lados da carreta atirem as espigas de certa distância aos quais batendo nesse anteparo tem sua queda amortecida, caindo dentro do veículo. Esse processo é mais racional, evitando a exposição das espigas à umidade e pragas, e o milho pode facilmente ser transportado a locais abrigados, sem ter necessidade de ficar amontoado  na roça.

Mecânica

A colheita mecanizada é executada por colhedeiras e seu emprego somente se justifica em áreas, acima  de 50 ha. A colheita mecanizada tende a expandir-se rapidamente, não só pelas facilidades de financiamento, mas também pela aquisição por cooperativas e alocadas a seus associados, pequenos agricultores que não tem condições de adquiri-las

 

Pragas e Doenças

 

O milho também é atacado por diversas pragas que podem ocasionar prejuízos à produção.

Quanto ao problema de doenças, as variedades e híbridos recomendados, foram selecionados visando também resistência às doenças. Pode-se afirmar, principalmente nas condições do Estado de Paulo, com raras exceções, as doenças não têm aparecido a ponto de causar sérios prejuízos à cultura.

O controle de pragas na cultura de milho ainda é uma prática executada esporadicamente pelos agricultores. Em outras culturas como o algodão, amendoim, citrus, etc, esse fato não ocorre pois os lavradores que a elas se dedicam tem uma preocupação permanente com relação às pragas que as atacam.

Com relação à cultura do milho, tem-se verificado um progresso palpável nas práticas de fertilização, emprego de sementes selecionadas, tratos culturais, etc. Quanto ao controle de pragas, a cultura, praticamente, não sofreu grandes evoluções, motivo pelo qual defrontamos com lavouras muito bem semeadas, adubadas e cultivadas, mas chegando à colheita com produtividade relativamente baixa.

Um dos principais fatores responsáveis pelo baixo rendimento obtido na cultura de milho no nosso meio é a ausência de controle de pragas. Dentre as causas da não adoção dessa prática, pela grande maioria dos lavradores, pode-se citar:

- O milho sendo uma cultura extremamente difundida, sofre uma variação muito grande no grau de tecnificação, de acordo com regiões, grau de instrução e poder aquisitivo dos lavradores, tamanho das culturas e principalmente com a finalidade da produção;
- O produto, via de regra, apresenta uma grande oscilação de preço, com baixas acentuadas durante a safra, concorrendo para que os lavradores sintam-se inseguros no sentido de investir maior soma com a cultura;
- Dificuldade de aplicação de inseticidas, devido ao rápido desenvolvimento das plantas, atingindo porte que torna difícil o tratamento com aplicadores manuais ou mesmo mecanizados, que convencionalmente, são utilizados em outras culturas de porte menos elevado;
- Falta de divulgação, entre os lavradores, da existência de aparelhos adequados para aplicação mais eficiente e correta dos inseticidas;
- Falta de demonstração da viabilidade econômica e vantagens que o tratamento contra as pragas proporciona sobre o rendimento da cultura;
- Falta de conhecimento, por parte dos lavradores, sobre as principais pragas da cultura e os prejuízos que acarretam;
- Falta de um esquema de tratamentos, como os existentes outras culturas, que venha a servir de orientação aos lavradores fornecendo-lhes, também, condições para calcular o custo dos inseticidas e das aplicações. Esse aspecto, talvez, seja um dos importantes, pois, havendo possibilidade de se fazer essa previsão de gastos, os mesmos poderão ser ajustados com maior segurança dentro dos limites econômicos que a cultura permite.

Uma vez apontadas as principais causas e dificuldades que impedem a adoção da prática de controle de pragas na cultura de milho, surge necessidade de encarar o problema com o objetivo de fazer com que os lavradores passem a adotá-la e a mesma se torne rotina, evitando que grandes prejuízos ocorram, principalmente, nos anos que ocorrem ataques mais intensos.

Tem-se verificado que os maiores prejuízos devido às pragas ocorrem na fase inicial de desenvolvimento da cultura, quando as plantas ainda, estão com um porte que permite fazer o tratamento sem maiores dificuldades e empregando-se aparelhamento convencional, tanto manual como mecanizado.

Uma orientação que inicialmente pode ser adotada a fim de diminuir prejuízos e com o objetivo de introduzir paulatinamente essa prática entre os lavradores, é a recomendação de um tratamento até, mais ou menos, dez dias após a germinação. A partir desse tratamento, a cultura deve ficar sob observação principalmente visando detectar o início do ataque da lagarta do "cartucho" (S. Frugiperda), quando o segundo tratamento será efetuado se houver necessidade. Esse segundo tratamento, se necessário, via de regra, poderá ser executado sem grandes dificuldades porque as plantas ainda possuem um tamanho que não impede a operação seja ela executada com aparelhos manuais ou mecânicos. Daí para frente, as plantas com porte já elevado, havendo ataque intenso de lagartas, o único meio mais viável de controle será o polvilhamento e empregando-se polvilhadeira mecanizada com grande capacidade de alcance. Para culturas de pequenas áreas a aplicação pode ser executada com aparelhos manuais, mas com certo desconforto para o operador e expondo-o à ação maléfica do inseticida.

Aparelhos especiais para aplicação de inseticidas na forma ultraconcentrada (LVC), podem ser usados e com grande resultado, contornando essa dificuldade de aplicação devido ao porte elevado das plantas já numa fase mais adiantada de seu desenvolvimento.

Como última recomendação, não se pode esquecer a importância do controle cultural, que consiste de uma série de medidas que sendo executadas, concorre de maneira efetiva para a diminuição das infestações podendo reduzi-las a níveis mais baixos. É interessante frisar que o controle cultural implica em operação normal da cultura de milho, mas que devem ser executadas com certo critério, principalmente no que diz respeito à época, sendo, portanto uma medida que não implica em gastos extras.

Medidas que devem ser adotadas

- Colheita em época certa, seguida de destruição dos restos culturais e entorno dos mesmos;
- Pre