Galinha

 

Criação de Caípira

 

Quando quisermos ter algumas galinhas soltas, é necessário que tenhamos um galinheiro, mesmo que seja rústico, para abrigá-las durante a noite ou nos dias chuvosos. Esse galinheiro deve ser fechado com tela de arame e serve, também, para prendermos as galinhas, todos os dias, pelo menos até as 10 ou 11 horas da manhã, para que a maior parte delas bote os ovos dentro dos ninhos ai colocados. Quando isso não é feito, elas fazem seus próprios ninhos no mato, sendo multas vezes, difíceis encontrá-los e, quando o fazemos, os ovos já estão velhos ou estragados, a galinha os está chocando ou já com os pintinhos nascidos.

A coleta dos ovos deve ser feita todos os dias e neles deve ser escrita a data da postura. Quando uma galinha fica choca, devemos preparar um ninho de palha, podendo a galinha chocar de 13 a 15 ovos, dependendo do seu tamanho. A certa distância do ninho deve ser colocada, sempre, água e comida. A eclosão se realiza em 21 dias, nascendo os pintinhos que devem ficar no ninho até que toda a ninhada haja nascido. Após, serão levados junto com a galinha, para um galinheiro seco, de preferência com uma cama de palha, de sabugo de milho ou de maravalha fina, onde são soltos. Sobre uma tábua, folha de jornal ou papel, colocamos um bebedouro e um pouco de quirera de milho ou ração balanceada, para facilitar os pintinhos a ciscarem e a descobrirem a comida. Depois de alguns dias, com o tempo bom, com sol, eles já podem ser soltos.

O problema da galinha caipira é que bota pouco mas, em compensação, os gastos com ela são multo pequenos. Nem sempre, porém, podemos criar galinhas soltas, porque elas podem estragar hortas, jardins e outras plantações, além de sujarem tudo por onde passam. Nesse caso, podemos adotar o método que se segue e já adotado, com todo sucesso, para a produção de ovos e frangos para consumo.

 

 

Sistema de Criação

 

Confinamento

Os resultados são bem melhores do que os obtidos com o método anterior. Podemos utilizar instalações simples, práticas e funcionais e de baixo custo. Para atingirmos o nosso objetivo, ou seja, carne e ovo com fartura, devemos ter, normalmente, 20 poedeiras com uma produção média de 14 a 18 ovos por dia que era suficiente para o consumo da família e sobrava multo ovo.

 

 

Instalações

 

As instalações devem conter um pequeno galinheiro de alvenaria, com terreno inclinado, com o piso de cimento 20cm acima solo, situado em local bem seco e protegido por valetas para evitar infiltrações em seu interior. As duas cabeceiras e uma parede lateral deve ser fechada até ao telhado e a outra lateral com a metade de cima de tela de arame.

O telhado pode ser de uma água para maior economia de material e a porta fica em uma das cabeceiras. Na lateral de tela deve haver uma cortina de plástico para proteger o galinheiro, dos ventos, das chuvas e do frio. Sobre o piso uma cama de maravalha fina, mas que poderia ser de sabugo picado de milho ou outro material absorvente. Deve ser protegido dos ventos dominantes na região e com a frente ou parte aberta para o nascente, para que nele penetrasse o sol da manhã. Essas regras não são rígidas e podemos construir o galinheiro com outros materiais e outras técnicas como telhas de fibrocimento, terra batida; telas em mais de uma parede (desde que haja cortinas para cobri-las quando necessário).

A cobertura pode ser de uma ou de duas águas etc. Seu tamanho depende do abrigar. Pode, como já o mencionamos, ser rústico, econômico, desde que preencha um mínimo de condições e de conforto para as aves. Os quadrados exigem menos material e saem mais baratos. Nas regiões mais quentes, devem ser pintados de branco, por fora, inclusive os telhados, para absorverem menos calor solar e ficarem mais frescos. Podemos adotar um método misto, da seguinte maneira. Compramos lotes de 50 pintos de 1 dia, de raça para postura e os colocamos no galinheiro, sobre a cama, como já mencionamos anteriormente.

Quando as frangas chegaram à época da postura, fazemos uma seleção rigorosa, escolhendo as 20 melhores e colocamos em gaiolas individuais, penduradas em uma das laterais do galinheiro. Os frangos e as frangas não selecionados continuaram no chão, sobre a cama, para serem abatidos quando necessário. Para que eles não ficassem debaixo das gaiolas e se sujassem com as fezes delas caídas, nos as isolamos com uma tela de arame. Dessa maneira, o aproveitamento do galinheiro é bem maior, com grande economia de espaço e de dinheiro. Com a aquisição regular, nas épocas certas, as poedeiras eram descartadas após a primeira postura, dando lugar a novas frangas, o que nos garantirá ovos e frangos durante todo o ano.

Sua capacidade por metro quadrado quando o confinamento é total, é de 20 pintos até 6 semanas, 10 pintos até 12 semanas, 4 ou 5 aves adultas das raças leves ou 3,5 das raças ou tipos pesados, não devendo ser ultrapassados esses limites, para evitar aglomerações, sempre prejudiciais.

A cama é uma camada de 15 a 20cm de espessura, sobre o piso do galinheiro. Pode ser de maravalha fina ou cepilho de madeira (fita de desempenadeira). O pó de serra ou a maravalha grossa não servem. Capim bem seco e picado, sabugo de milho, picado, triturado ou mesmo inteiro, bagaço de cana bem seco e bem picado, palha de arroz, casca de amendoim e areia (principalmente para marrecos) também podem ser usados como cama.

Suas vantagens são: possibilita a criação "no chão" sob ótimas condições; traz economia nos gastos com instalações; reduz o trabalho e a mão-de-obra com serviços de limpeza, pois a cama pode permanecer durante meses, desde que não fique úmida; não dá mau cheiro; evita o aparecimento de moscas; sobre ela podem ser criadas aves de todas as idades, categorias ou produções; as aves podem viver sobre ela durante toda a sua vida sem necessidade de serem transferidas para outras instalações; absorve a umidade das fezes, mantendo o piso sempre seco, diminuindo o risco de doenças como a coccidiose, p.ex.; facilita o fornecimento de água e de ração, porque permite o emprego de bebedouros e comedouros de diversos tipos e o manejo torna-se mais fácil e econômico.

Além disso, depois de usada, serve de alimento para bovinos, suínos, peixes etc. ou pode ser usada como um excelente adubo para lavouras hortas ou pomares. Quando notarmos que a cama está ficando úmida, devido ao acúmulo de fezes, devemos revolvê-la e depois colocamos sobre ela, outra camada nova de 5 a 10cm de espessura e do mesmo material. Essa operação pode ser repetida, sempre que necessário.

As gaiolas mais indicadas são as de arame galvanizado, penduradas ou colocadas em baterias de 1 ou mais andares. Podem ser individuais; para 2 aves (duplas) ou então coletivas, para 20 a 40 cabeças. As gaiolas individuais são as mais indicadas porque facilitam o descarte; aumentam o aproveitamento da ração; concorre para a produção de ovos maiores; reduzem o canibalismo; diminuem a competição social; reduzem o aparecimento de parasitas internos; possibilita maior aproveitamento das instalações, pela substituição das aves mortas ou descartadas etc. . Podem ser instaladas dentro de galinheiros, galpões ou coberturas rústicas, sem ser paredes, sendo a proteção feita por cortinas de plásticos ou cercas vivas próximas, servindo de quebra-vento. São utilizadas para as poedeiras, sendo dispensados os ninhos, pois elas põem sobre os pisos das gaiolas e os ovos rolam para um anteparo, de onde são recolhidos. Essas gaiolas possuem acoplados, os comedouros e bebedouros.

Criação sobre a cama: No galinheiro com cama, devemos colocar os comedouros de preferência circulares e de abas "automático" e os bebedouros de calha com água corrente, em número e tamanho de acordo com as aves existentes e o seu número, pois esses acessórios podem ser especiais para pintos, frangos ou aves adultas.

Aquecimento: Os pintinhos podem ser levados diretamente para o galinheiro e colocados logo sobre a cama, desde que lia campânula ou uma lâmpada de raios infravermelhos para aquece-los e os comedouros e bebedouros já abastecidos. No primeiro dia podemos forrar a cama com folhas de jornal e, sobre ela, espalhar um punhado de ração para que os pintinhos comecem a comer o seu primeiro alimento. No 2º ou 3º dia, o jornal já pode ser retirado e a ração colocada somente nos comedouros. Para que os pintinhos não fiquem longe da fonte de calor, sintam frio e possam até morrer, devemos fazer uma "cerca" papelão ou de madeira em volta e a certa distância da fonte de calor. À medida que os pintinhos vão crescendo e empenando a cerca vai sendo afastada até ser retirada, ficando as livres para andar por todo o galinheiro. As melhores campânulas são as elétricas, mas podem ser a gás, biogás e mesmo a carvão, estas últimas com o perigo de intoxicarem os pintos, se sua chaminé não funcionar direito.

Comedouros: deve proporcionar um espaço linear de 2,5cm para aves até 2 semanas; 4,5cm para as de até 6 semanas: de 7,5cm para as aves de 12 semanas em diante e de 15cm para as poedeiras . São necessários comedouros com espaço suficiente para todas as aves, para evitar a competição pela comida.

Bebedouros: os mais indicados são os tipos "calha", devendo ter 2,5cm lineares por cabeça. Além disso, devem ficar sobre estrados, para que a água respingada ou derramada não caia sobre a cama, formando uma zona úmida, propiciando desenvolvimento de bactérias e parasitas como os da coccidiose.

Poleiros: quando o galinheiro é rústico, mais usado para as aves se abrigarem durante a noite, sendo soltas durante o dia, é aconselhável que coloquemos poleiros para que elas neles se acomodem. São peças de madeira de 5cm x 4cm e de comprimento variável. Suas maiores vantagens são evitar que as aves se aglomerem durante a noite e permitir maior circulação de ar entre elas, o que é muito benéfico, principalmente nos climas quentes e no verão. Devemos, no entanto, seguir algumas regras, entre as quais: colocar todos os poleiros no mesmo nível e no máximo a 60cm de altura do solo; calcular 15 a 18cm lineares de poleiro para cada ave; fixá-los com um espaço de 35 a 40cm entre eles; coloca-los sobre armações de tela de arame ou mesmo ripados, para evitar que as aves, passando debaixo deles, entrem em contacto dreto com as fezes e a umidade, o que lhes é prejudicial.

Ninhos: são simples caixotes com um pouco de palha e colocados dentro dos galinheiros ou abrigos. Podem medir 30cmx30cm. A proporção deve ser de 1 ninho para 4 ou 5 galinhas. Seleção de frangas: para isso, devemos escolher as maiores, mais bem conformadas e as que tenham as canelas, bico e pele bem amarelos, pois isso significa que são precoces e que irão entrar em produção, mais cedo. Quando próximas do início da postura, suas cristas e barbelas ficam de cor vermelho vivo e brilhante, grandes, macias, elásticas e quentes. Um mês depois de iniciada a postura, devemos descartar as frangas que não estiverem botando ou cuja postura for multo baixa. No caso de quesermos galinhas caipiras e, com elas, produzir os pintos e ainda carne e ovos podemos, com 50 galinhas e 2 galos, produzir, em 1 ano, 250 dúzias de ovos, sendo 170 para consumo e 240 frangos, ou seja. 450kg de carne. Para isso, devemos ter um cercado, mesmo que com cercas rústicas, com uma área de 1.300m2. Também a alimentação pode ser obtida no sitio, constando de milho e outros cereais, abóbora, mandioca, restos de hortaliças, etc. (Acarpa/Emater).

Galo de raça pura: quando quisermos fazer uma criação de galinhas "tipo caipira", podemos fazê-lo com galinhas e galos "caipiras", isto é, galinhas comuns, sem raça definida, mas com as vantagens de serem muito resistentes, embora produzindo poucos ovos por ano, mas praticamente "de graça", pois não exigem quase nenhuma despesa, exceto um punhado de milho pela manhã. Para aproveitarmos essas vantagens e a rusticidade da galinha caipira, mas aumentarmos a produção de ovos da criação e uma certa melhoria na qualidade da carne e no tamanho dos frangos, basta substituirmos os galos caipiras por galos de raças puras como, por exemplo, a Rhodes Island red (rodes vermelha) a New-Hampshire, a Plimouth barred (carijó), a Light Sussex e outras, pois os pintos nascidos serão 1/2 sangue da raça empregada como melhoradora, sendo mais resistentes e produtivos seus pais, pois terão o chamado "vigor híbrido", que aparece nos híbridos e mestiços de 1ª geração.

Criação de raças puras: podemos criar, no terreiro, à solta ou em cercados, galinhas e galos puros das raças mencionadas anteriormente. Além de serem rústicas, sua produção de ovos, mesmo das citadas raças, que são mistas para ovos e carne, é bem maior do que a das caipiras, sua postura começa mais cedo e os frangos são maiores, mais precoces e de melhor carne. Além disso o criador poderá vender ovos para incubação, por um preço maior do que o das galinhas comuns, bem como frangas, e galos para quem quiser criar essas raças.. Quando desejarmos somente mais ovos, não nos importando com a produção de frangos, podemos usar as leghorn branca ou leghorn perdiz ou a minorca.