Algodão

 

 

História

 

O algodão, que é considerado a mais importante das fibras têxteis, naturais ou artificiais, é também a planta de aproveitamento mais completo e que oferece os mais variados produtos de utilidade.

 

As primeiras referências históricas do algodão vêm de muitos séculos ante de Cristo. Na América, vestígios encontrados no litoral norte do Peru evidenciam que povos milenares daquela região já manipulavam o algodão. Com os incas, o artesanato têxtil atingiu culminância, pois amostras de tecidos de algodão, por eles deixados, maravilham pela beleza, perfeição e combinação de cores.

 

No Brasil, pouco se sabe sobre a pré-história dessa malvácea. Pela época do descobrimento de nosso país, os indígenas já cultivavam o algodão e convertiam-no em fios e tecidos. No inicio do século XVI, Jean de Lery já descrevia o processo que os índios utilizavam para fiar e tecer o algodão. Em 1576, Gandavo informava que as camas dos índios eram redes de fios de algodão e Soares de Souza, mais tarde, revelou que o algodoeiro tinha para os indígenas também outras utilidades: com o caroço esmagado e cozido faziam mingau e com o sumo das folhas curavam feridas.

 

Os primeiros colonos chegados ao Brasil, logo passaram a cultivar e ­utilizar o algodão nativo. No Ceará, ao ser dada a concessão de terras a Martin Soares Moreno, o conselho de Lisboa já recomendava semear algodoeiros; e em São Paulo, Serafim Leite conta que os jesuítas do padre Anchieta introduziram e desenvolveram a cultura do algodão a fim de satisfazer suas necessidades de roupas e vestir os índios.

 

Nesse período, porém, tinha pequena expressão no comércio mundial. A lã e o linho dominavam como tecidos. As culturas de algodão não passavam de pequenas “roças” em volta das habitações, e no Brasil o artesanato têxtil era trabalho de mulheres (índias e escravas).

 

Foi só pelos meados do século XVIII com a revolução industrial, que o algodão foi transformado na principal fibra têxtil e no mais importante produto das Américas.

 

No Brasil, o Maranhão despontou como o primeiro grande produtor da malvácea e em 1760 já exportava para a Europa 130 sacas de algodão  para chegar em 1830 a 78.300 sacas.

 

Ao Maranhão, seguiu-se todo o Nordeste que apareceu como a grande região algodoeira dos país. Entretanto, ao se projetarem os Estados Unidos no século XIX, como grandes produtores dessa fibra, lançando-se no mercado em quantidades crescentes, a produção brasileira entrou em rápida decadência, mesmo porque outras culturas moviam concorrência à do algodão. O café, novo produto tropical, monopolizava, principalmente em São Paulo, a atenção dos agricultores.

 

Porém, com a Guerra da Secessão nos Estados Unidos (1860), para­lizando em parte a exportação da fibra deste país à Europa, desencadeou-se no Brasil novo surto algodoeiro, que durou pouco mais de 10 anos. Sua influência, porém, prolongou-se por muito mais tempo, ao contribuir para fundamentar o progresso da cotonicultura brasileira, especialmente em São Paulo, ocorrido depois.

 

Até então, no Brasil se cultivava o algodão arbóreo. Por essa época o algodão herbáceo foi introduzido no País e pela primeira vez na história, São Paulo se destaca como produtor desta fibra. A cultura do algodoeiro anual se expandiu por todo o Estado, apesar da inexperiência dos agricultores em culti­vá-lo. Alguns imigrantes norte-americanos que se estabeleceram em Santa Bár­bara nesta ocasião contribuíram bastante para orientar outros lavradores. Suas culturas serviram de modelo para as demais.

 

Entretanto, com a restauração da produção dos Estados Unidos, a culltura em São Paulo regrediu consideravelmente, mas não se extinguiu.

 

Somente pela ocasião da I Grande Guerra Mundial, que coincidiu com a brutal geada de 1918, a qual devastou os cafezais, o algodão teve outro surto em São Paulo, que atingiu a produção recorde de 50 mil toneladas de plumas. A indústria têxtil também já tomava vulto e o aproveitamento industrial do caroço de algodão começou a se desenvolver.

 

A grande importância que o algodão ia adquirindo, em contraste com o atraso de sua produção no país, começou a despertar, desde o início do século, interesse pela pesquisa agronômica. Monografias sobre o algodão foram aparecendo, destacando-se a de Gustavo Dutra, então diretor do Instituto Agro­nômico de Campinas. Em 1918 houve no Rio de Janeiro a Conferência do Algodão, na qual vários trabalhos foram apresentados. Todavia, o maior parte dos trabalhos escritos era baseado em literatura estrangeira.

 

Estava, porém, reservado ao Instituto Agronômico de Campinas abrir no país a era da Agricultura baseada na técnica agronômica. Em 1924, Cruz Martins  iniciou neste estabelecimento, então sob a diretoria de Theodureto de Camargo, os trabalhos de melhoramento genético de experimentação relativa à técnica do cultivo do algodoeiro. Sementes de variedades selecionadas (tendo por base variedades ame­ricanas) passaram a ser distribuídas aos lavradores, ao mesmo tempo em que se ia elaborando os fundamentos da técnica de cultivá-las. A partir dessa época as pesquisas foram evoluindo.

 

Porém, não foi na década do 20, mas na de 30 que o Estado de São Paulo pronunciou como o grande  produtor de algodão do país, posição que desfrutava ao lado do Paraná.

 

Já se notou, no decorrer desta exposição, que os surtos algodoeiros em São Paulo eram provocados por fatores externos ocasionais. Na década de 30, o fator interno seria  predominante, pois a crise do café ocorrida em 1929 acarretou profundo abalo na economia brasileira, especialmente em São Paulo, que girava em torno deste produto. Desmoronou-se então a estrutura cafeeira, dando lugar ao ressurgimento da cotonicultura com uma expansão no Estado, agora já apoiada em técnicas modernas e pesquisas regionais.

 

O início da nova fase algodoeira, os agricultores puderam contar com sementes selecionadas, o que sempre faltou nos surtos anteriores, e, de 1934 em diante, toda a lavoura do Estado era de variedades paulistas.

 

Nesse mesmo período, a produção de algodão em pluma em São Paulo, elevava-se de 4.000 para 100.000 toneladas. A conquista dos mercados mundiais, em virtude das boas qualidades das fibras foi possível e a produção continuou aumentando, para chegar ao clímax em 1944, com 463.000 toneladas.

 

Todavia, com a expansão da cultura, alastraram-se também as pragas. Apareceram anos de condições climáticas desfavoráveis ao algodoeiro e favo­ráveis à incidência das pragas, provocando alarmante queda de produtividade da cultura. A área no Estado reduziu-se drasticamente, dando lugar à pastagem e a outras culturas tais como milho, arroz, amendoim e outras. Indiretamente o algodão concorreu para a diversificação da agricultura paulista e conseqüentemente para seu adiantamento técnico.

 

A partir daí, o futuro da cotonicultura em São Paulo estava não mais na expansão da área, mas na produção por área, isto é, sua produtividade. Os resultados não se fizeram esperar. Graças aos esforços conjugados da pesquisa e do fomento, apresentando aos lavradores as boas variedades, ensinando-lhes as melhores técnicas, a produtividade do algodão no Estado elevou-se conti­nuamente, a ponto de a produção em caroço, que no início de 1945/49 era do 474 kg por hectare, passar para 882 kg/ha no período de 1955/59 e atingir em 1965/69 a produtividade de 1290 quilos e, produzindo em 1979/80, 1822 Kg/ha.

 

No Brasil, desde que começou a tomar aspecto de cultura econômica, o algodão tem sempre figurado no grupo vanguardeiro das atividades que carreiam divisas para o País. Embora não seja cultivado de modo generalizado em todo o território, o algodão, até 1980,  estava classificado entre as sete primeiras culturas no tocante ao valor de produção.

 

Em vista disso, no âmbito internacional, o Brasil, que em virtude do desestimulo da cultura vinha desde 1966 reduzindo a área de plantio, chegando a ser ultrapassado na produção pelo México, Egito e Paquistão, voltou em 1969 com a produção de 3,3 milhões de fardos, a ocupar posição entre os cinco produtores mundiais de algodão.

 

É notória a diferença de produtividade dos Estados da região Meridional para os da região Setentrional (Nordeste). A baixa produtividade desta região faz com que o Brasil se apresente no âmbito internacional em situação de inferioridade diante de outros países no que se refira a produção por área.

 

Já o estado de São Paulo apresentou em 1984 uma produtividade de pluma de 567 quilos por Ha, que, podemos dizer, se assemelhou à dos Estados Unidos (573 Kg/ha).

 

 

Clima e Solo

 

 

Clima

 

Graças à obtenção de variedades anuais precoces e à introdução de métodos de cultivos adequados, o algodão é hoje cultivado em uma larga faixa do planeta situada entre os paralelos 47 latitude norte e 30 latitude sul. Nesta faixa, desde que se apresente uma estação de 180 a 200 dias livres de geadas ou nevadas, com temperatura média acima de 20ºC, com dias predominantemente ensolarados, com precipitação pluviométrica de 500 a 1.500mm anuais e convenientemente distribuída, o algodão pode ser economicamente cultivado.

Nem mesmo a escassez de chuvas limita seu cultivo, desde que haja possibilidade de irrigação. Aliás, só nas zonas onde a cultura pode ser irrigada que a produtividade atinge níveis mais altos, como acontece na Califórnia, Austrália, Egito, Israel, União Soviética, etc. Ao contrário, o excesso de chuvas e, principalmente a sua má distribuição, não encontra meios eficientes

de correção, razão pela qual o algodão não é plantado na faixa litorânea do Estado de São Paulo.

 

Pode-se generalizar que temperaturas do solo em torno de 15ºC retardam e tornam imperfeita a germinação da semente de algodão; entre 20ºC e 30ºC, este processo não é só acelerado como também ganha em perfeição, do que resultam emergência mais rápida de plantas e maior número destas por área.

 

O desenvolvimento do caule, o início do florescimento e o número de flores a se formar, embora subordinados à hereditariedade da planta dependem também das condições de temperatura média.

 

Condições ideais de calor durante a fase de frutificação possibilitam adequada formação dos frutos, enquanto flores formadas tardiamente não conseguem medrar caso alcance condições inconvenientes de temperatura. Dias frios retardam o desenvolvimento das plantas e prejudicam sua produtividade.

 

A maturação dos frutos e qualidade do produto, embora estejam mais na dependência de outros fatores, são também influenciados pelo calor; condições de temperatura média muita elevada provocam abertura precoce dos frutos, do que resulta produção de fibras imaturas, de baixa qualidade.

 

As variedades anuais de algodão produzem pouco em condições de apenas 50% de luminosidade em 1 ano agrícola e condições inferiores a 40% impossibilitam a produção.

O algodoeiro anual, inicialmente, desenvolve-se bem, com alternância de dias chuvosos com dias inteiramente iluminados, muito embora as chuvas noturnas sejam mais adequadas. Mais para frente do desenvolvimento vegetativo, para abundante florescimento e produção normal de fibras, intensa luminosidade seria o ideal, desde que não houvesse carência de umidade. No estágio final do algodoeiro luminosidade tem menor importância.

 

Há necessidade de se esperar pelas primeiras chuvas para facilitar o preparo da terra e proporcionar umidade necessária à boa germinação. Excesso durante o crescimento inicial das plantas dificulta os tratos e provoca o aparecimento de doenças.

 

Por ocasião do florescimento a umidade excessiva favorece o desenvolvimento vegetativo, em detrimento da produção e reduz a aeração do solo, causando queda anormal de flores e frutos.

 

Na abertura dos frutos, as chuvas excessivas prejudicam a qualidade e o peso do produto. Por outro lado, a escassez de umidade também é prejudicial, pois reduz o desenvolvimento do algodoeiro, podendo até interrompê-lo; ocasiona ainda a queda de flores e frutos, afetando em muito a produtividade e as fibras sofrem redução comprimento.

 

 

 

Solo

 

De maneira geral, em virtude da exigência da cultura em nutrientes, os solos ideais são os de média e alta fertilidade; os de fertilidade baixa deverão ser corrigidos com adubos químicos, principalmente com os fosfatados. A acidez é fator limitante para a produção de algodão; em vista disso, essa cultura não deve ser levada a solos com pH abaixo de 5,2, a não ser que calcareie a terra a fim de corrigir a acidez. Quanto à alcalinidade do terreno, o algodão tolera até um pH igual a 8,4. A faixa ideal de pH para a cultura se estende de 6 a 7.

 

A grande maioria da parte radicular do algodoeiro se acha nos primeiros 20 cm do solo mas, em virtude de sua raiz ser pivotante, pode ser encontrada em profundidades até de 2 metros, requerendo solos profundos. Os rasos, como os litósios não devem ser usados com o algodão.

 

Com referência à textura, o algodoeiro suporta solos variando desde o arenoso até o argiloso, sendo preferidas as terras sílico-argilosas. As muito arenosas, em virtude de seus baixos teores de nutrientes, acidez e baixa disponibilidade de água, não são recomendadas em regiões úmidas; os solos muito argilosos também são desaconselhados nessas regiões, pois a sua saturação pode prejudicar o desenvolvimento das plantas.

 

O algodoeiro não suporta solos encharcadiços; os que têm sua drenagem interna impedida por uma camada impermeável, pelo fato de ficarem sem aeração suficiente, não devem ser usados com a cultura, principalmente em regiões de alta queda pluviométrica.

 

A estrutura dos solos, ou seja, o arranjo das partículas distribuídas sob diferentes formas de agregados, interfere na maior ou menor circulação de ar e água do terreno. No caso dos solos pesados, a estrutura é de real importância, pois o algodoeiro requer solos bem arejados.

 

 

 

Topografia

 

Com relação à topografia do terreno, o algodão prefere solos planos ou levemente ondulados. Como é cultura que facilita a erosão, as terras escolhidas não deverão apresentar declives maiores que 10%, principalmente se o solo for arenoso.

 

 

Plantio

 

 

lntrodução

 

Em se tratando de uma cultura mais tecnificada, diversas práticas agronômicas estio quase definitivamente consagradas.

 

Pequenas dúvidas existentes não são de molde a causar preocupações aos lavradores, mas são apenas detalhes que serão equacionados no devido tempo, através de experimentações que continua sendo feita.

 

 

 

Preparo do solo

Na cultura do algodão, o preparo do solo deve ser feito com capricho, pois ele é importante para a germinação, para o desenvolvimento

e para os cultivos. Quando a terra vem sendo ocupada há anos consecutiva com a mesma cultura, geralmente o solo se encontra em boas condições de receber a aração, pois a destruição das anteriores soqueiras de algodão deve ter sido feita em junho/julho e ainda não houve tempo para desenvolvimento de nova vegetação. Nesse caso, uma aração deve ser suficiente; recomendam-se duas arações em terreno muito praguejado de ervas daninhas. Mais de duas não se justifica. Uma a duas gradeações é suficiente. Há lavradores que tem por hábito fazer quatro, cinco ou mais gradeações; isto é contra-indicado, pois o terreno não deverá ficar pulverizado superficialmente.

 

A profundidade normal de aração é de 30 cm, mesmo porque, a grande maioria das raízes do algodoeiro, assim como toda adubação, fica nos 20 cm, superiores do solo. Numa terra que vem sendo cultivada continuadamente é recomendável, a cada 5 anos, fazer uma aração mais profunda; a finalidade desta é romper uma espécie de crosta que se vai formando na profundidade de 30 cm. do terreno, em virtude da continua aração anual com tal profundidade. O rompimento desta crosta dará maior movimentação de ar e de água nesse solo.

 

Quando a gleba foi anteriormente ocupada com outra cultura, é aconselhável, antes da aração, passar um rolo-faca ou uma grade de discos, a fim de favorecer o apodrecimento dos restos de cultura existentes.
Nas pastagens, com o fito de melhorar a decomposição do capim, aconselha-se preliminarmente, fazer uma aração rasa, seguida de uma gradeação.

 

Quando o terreno  é recém desbravado, em terras de mata ou capoeira,  após a derrubada, se usar o fogo para queima da galhada o algodão deve ser precedido, pelo menos de 1 ano, por outra cultura, como o milho, por exemplo.

 

Uma gradeação ou talvez duas quando o terreno estiver com intensa sementeira às vésperas da semeação, são suficientes. O importante é que a gradeação a ser feita após a aração o seja logo em seguida, para que o destorroamento seja mais perfeito.

 

 

 

Época de plantio

 

A influência do tempo é de grande importância na produção, tanto em quantidade como em qualidade. As condições climáticas variam de ano para ano, embora obedecendo a características definidas. Sendo assim, somente a experimentação por um longo período de anos pode indicar a melhor época.
É sabido que a época de semeação tem influência também sobre a maior ou menor incidência de determinadas pragas em certos anos.

 

Ultimamente, com a generalização do uso de modernos inseticidas de solo e sistêmicos, controlando com maior eficiência algumas pragas, as épocas puderam sofrer ligeira, antecipação de 10 dias, em relação ao que ficara estabelecido há alguns anos atrás, representando isto várias vantagens para os agricultores. Na figura, as datas já estão modificadas.

 

A observância da época recomendada oferece maior possibilidade de êxito para o agricultor dentro das variações de clima a que está sujeita a lavoura. Temos safras em que o rigor da época de semeação passa despercebido, isto em anos que podemos chamar de "tolerantes", ao erro cometido na época de plantio. Na maioria das vezes, entretanto, o descuido é fatal.

 

 

 

Espaçamento

 

Quanto menor o desenvolvimento das plantas, mais cerrado deverá ser o espaçamento, ou vice-versa. Ao iniciar uma cultura de algodão, o espaçamento a ser empregado deverá levar em conta o provável desenvolvimento vegetativo das plantas sob condições normais, devendo nos anos seguintes ser feitas às correções para chegar mais próximo do ótimo.
Os resultados experimentais de muitos anos correlacionadas às produções com a altura média das plantas indicaram que as melhores produções foram obtidas quando o espaçamento entre linhas correspondia aproximadamente a 2/3 (dois terços) da altura média das plantas.

 

O quadro abaixo refere a três exemplos distintos de condições de desenvolvimento das plantas e mostram o efeito do espaçamento sobre a produção. Outras experiências mostraram que mesmo fechando-se mais do que 2/3 da altura média das plantas, a produção continua a aumentar ligeiramente, mas o entrelaçamento das plantas é tal e traz tantas dificuldades que torna pouco aconselhável essa prática exagerada.

 


ESPAÇAMENTO - Média de 5 Experiências

 

Plantas de algodão atingindo em média 90 cm de altura

 

 

Espaçamento
em cm 

 

algodão em
caroço kg/ha

 

 70 x 10

 

 1215

 

 90 x 20

 

 1035

 

 110 x 20

 

 930

 

 110 x 40

 

 795

Fonte: Secção de Algodão - IAC

 

Examinando os dados temos que na figura acima, em terras cuja fertilidade não permite, em média, desenvolvimento maior que 90 cm de altura, deve ser aconselhado o espaçamento de 70 x 10 cm.

 

Na figura abaixo, quando as plantas atingem 120 cm de altura média, verifica-se novamente que espaçamento menor representa maior produção. Para facilitar tratos culturais, podemos alterar ligeiramente e indicar 80 X 15 cm, ou seja, 7 plantas por metro linear.

 

ESPAÇAMENTO - Média de 5 experiências
Plantas de algodão atingindo em média 1,20 cm de altura

 

 

Espaçamento
em cm 

 

algodão em
caroço kg/ha

 

 70 x 20

 

 1725

 

 90 x 20

 

 1620

 

 110 x 20

 

 1500

 

 110 x 40

 

 1380

Fonte: Secção de Algodão - IAC

 

Na figura abaixo, o mesmo ocorre adotando como espaçamento ideal 100X20 cm, visando facilitar os tratos culturais. O lavrador conhecendo melhor as condições de sua propriedade está habilitado a fazer os necessários ajustes, nunca esquecendo que se deve considerar a altura normal das plantas, uma vez que ela está sujeita a variações naturais de ano para ano.

 

Espaçamento - Média de 4 experiências
Plantas de algodão atingindo em média 140 cm de altura

 

Espaçamento
em cm 

 

algodão em
caroço kg/ha

 

 90 x 30

 

 1725

 

 110 x 20

 

 1650

 

 130 x 20

 

 1575

 

 130 x 40

 

 1410

Fonte: Secção de Algodão - IAC 

 

Semeação

É uma operação que exige muito cuidado. Na melhor época, escolhida o espaçamento, a primeira preocupação é a calha de plantio. Esta deve ser superficial, cerca de 5 a 8 cm de profundidade, pois assim as sementes terão melhores condições para a germinação e será mais fácil a mecanização dos tratos culturais. Também já se observou que alguma proteção será dada às novas plantinhas, com relação às rizoctoniose e antracnose, porque os sulcos rasos não permitem acúmulo excessivo de umidade.

 

Convém lembrar aqui que é nesta oportunidade que se deve providenciar a marcação das linhas básicas do plantio em nível.

A adubação pode ser feita com adubadeira simples de tração animal (uma linha) ou adubadeira maior, tracionada por tratores (duas ou mais linhas). Pode ser feita, assim como o sulcamento, simultaneamente com a semeação, dependendo do tipo de máquina empregada. O importante é a colocação correta do adubo em relação à semente, como já vimos anteriormente.

 

As semeadeiras, de tração animal ou motora, possuem um dispositivo especial para bem distribuir as sementes. Estas devem cair em número de 30 a 40 por metro de sulco e serem cobertas com pouca terra. Justifica-se o emprego desta quantidade de sementes, que traz como conseqüência, o gasto de 3 a 4 sacos por alqueire, o fato de não se desejar correr o risco de ter lavouras falhadas.

Com condições climáticas favoráveis processa-se a germinação, quase sempre com bom número de plantas, muito além daquilo que pretenderia deixar como definitivo.

 

Desbaste

Também chamada raleação, é a prática de arrancar algumas plantas que consideramos como sobra, a fim de deixar na linha da cultura um número razoável delas, para que possam crescer e produzir livremente.

Na prática recomenda-se deixar 5 (cinco) plantas por metro de linha quando o espaço entre as fileiras é de um metro (p/ plantas que crescem até 1,50 m); de 7(sete) a 8(oito) plantas por metro de linha, quando o espaçamento entre as fileiras é de 80 cm (p/ plantas que crescem até 1,20 m). Espaçamentos menores que 80 cm, até 10 plantas por metro linear poderão permanecer.

 

Com dados experimentais já se comprovou que o desbaste deve ser feito entre 20 e 30 dias de vida da planta; a operação é mais perfeita com terreno úmido, razão pela qual, pode-se esperar cair uma chuva para depois se proceder a raleação. Porém, se não chover até próximo dos 30 dias, o desbaste deve ser feito, mesmo com o terreno seco, pois esperar mais tempo pode ser prejudicial. A figura abaixo mostra a vantagem de desbaste quando feito cedo.

 

 

 Desbate  aos

 

 Algodão em caroço
arroba/alqueire (24.200m2) 

 

 20 dias

 

 220

 

 35 dias

 

 203

 

 50 dias

 

 176

 

 65 dias

 

 167

 

 80 dias

 

 123

 

Atenção: O lavrador quando for proceder a operação do desbaste, deve caminhar ao lado da linha de cultura para vê-la de um certo ângulo, pois assim ele poderá enxergar as plantinhas de menor porte, que são, justamente as que deverão ser arrancadas, pois as mais vigorosas têm maior probabilidade de desenvolvimento normal e melhor proteção.

 

 

 

Adubação em cobertura

 

Após 10 dias do desbaste, mais ou menos, faz-se à aplicação de nitrogênio em cobertura. Esta prática, feita ainda em muitas regiões à mão já tomou grande incremento, devido às vantagens que oferece conforme já vimos.
Hoje os lavradores procuram empregar máquinas simples e os resultados são auspiciosos, pois o rendimento é muito maior. O adubo deve ficar em um filete continuo, retirado 20 cm da linha de plantas e sobre o solo.

 

 

 

Cultivo

 

 

Generalidades

O algodoeiro é muito susceptível à concorrência de ervas daninhas. Por essa razão ele deve ser mantido no limpo, isto é, livre das ervas daninhas desde a semeadura até próximo à colheita. Por sua vez, a terra, quando escarifícada superficialmente proporciona maior arejamento às raízes da cultura, embora também facilite a erosão.

Os cultivos têm por finalidade controlar as ervas daninhas e escarificar o solo. Eles podem ser manuais, mecânicos ou químicos.

O cultivo manual é feito por meio da enxada. Seu baixo rendimento

e o elevado custo da mão de obra tornam-no oneroso. A tendência é de o uso da enxada ficar restrito como complementar dos implementos mecânicos.
O cultivo mecânico pode ser efetuado com máquinas a tração animal ou motorizadas. É preciso salientar que os cultivos devem ser rasos e que sua principal função é eliminar as sementeiras.

 

O controle químico das ervas daninhas pode também ser feito com herbicidas.
Os herbicidas aplicados sob incorporação devem ser colocados no solo antes do plantio; logo em seguida, deverá ser feita uma gradeação no terreno para que haja incorporação do produto químico. Depois se fará a semeação. Os do tipo pré-emergência são colocados no solo após o plantio, porém, antes que a planta desponte na superfície da terra. Há ainda os herbicidas do tipo pós-emergência.

 

O uso de herbicida não elimina por completo o uso de implementos necessários à escarificação do terreno.

 

Adubação e calagem

A adubação é uma das práticas mais importantes na cultura do algodão. A grande necessidade de aplicação de elementos químicos no solo, para que a  produção seja compensadora, tem sido bastante evidenciada experimentalmente.

 

Há, entretanto, uma circunstância especial para que o algodoeiro produza bem: é que a acidez do solo não seja muito forte, pois ela é fator limitante para a produção de algodão. Quando o pH do solo se apresenta de 5(cinco) para baixo, há necessidade de se corrigir a acidez do solo, principalmente se, na análise deste, aparecer íons de alumínio. A correção se faz com aplicação de calcário no solo.

 

Necessidade da cultura

Experiências em diversos tipos de solo têm evidenciado a grande vantagem da aplicação de adubos na cultura algodoeira. Com racional adubação obtém-se, em média, um aumento de 30% na produtividade dos algodoais em terras que já vem sendo cultivadas há anos.

O algodoeiro é esgotante sob o ponto de vista do consumo de nutrientes e da matéria orgânica que é considerável com a queima da soqueira.

 

Numa análise quantitativa do algodoeiro, em se referindo à absorção de macronutrientes, apresenta-nos os seguintes dados:

 

Totais de Macronutrientes em Plantas Adubadas (quilos por hectare)

 

 

 

 Partes

 

 

 

 

 

 

 

 

Ca 

 

 

Mg 

 

S 

 Raízes  5,8 0,22 3,2 1,1 0,7 0,8
 Parte aérea vegetativa  48,8 3,92 38,6 49,5  7,2  21,9
 Parte aérea reprodutiva  28,6 4,0 23,7 11,1  4,9  10,5
 Totais  83,2  8,14  65,5  61,7  12,8  33,2
Fonte: Departamento de Química Agrícola - Esalq

 

Análises outras, feitas por pesquisadores diferentes, apresentam resultados semelhantes, com variações ligadas provavelmente a diversos fatores, tais como: clima, solo, época de colheita de material, variedades, etc.

Entretanto, para recomendar uma adubação, não podemos nos basear apenas nas quantidades de elementos retirados do solo, pois, se tal fizéssemos, poderíamos nos aproximar do certo no que se refere aos outros macronutrientes, porém erraríamos com relação ao fósforo, pois a necessidade de aplicação desse elemento no solo, a fim de se conseguir resultados satisfatórios é, no geral, bem maior do que a retirada dele pela cultura. Duas grandes razões poderiam apresentar pela ocorrência do tal fato. A primeira é que no geral, os solos do Estado de São Paulo são muito pobres em fósforo. A segunda é que ao se colocar fertilizantes fosfatados no solo, este retém para si, temporariamente grande parte do elemento, cedendo uma porcentagem menor à cultura.

 

Adubação

Para prescrever-se uma correta adubação, não há dúvida alguma que a experiência de campo, no local, seria o mais seguro, porquanto qualquer característica especial do terreno poderia aí se revelar. Entretanto, isto nem sempre exeqüível. Na prática há outros fatores que podem orientar o técnico na prescrição de como adubar. Principalmente se pudermos obter um conjunto desses fatores, a prescrição será mais adequada, seguindo os seguinte procedimentos:

 

Análise do solo

Esta prática é a mais indicada e atualmente está bastante generalizada no nosso meio agrícola. É baseada nas análises de amostras de terra e nas informações que os agricultores prestam em questionário especial, ao enviarem tais amostras aos laboratórios. Os resultados analíticos, quando feitos por estabelecimentos oficiais, geralmente vem acompanhados por recomendações de adubações adequadas para a cultura a ser conduzida no solo em tese.

 

Em geral, nos solos cultivados, verifica-se primeiro a falta de fósforo e em seguida de nitrogênio e potássio. Se as terras estiverem em pousio, com vegetação espontânea, relativamente densa ou mesmo com pastagens, nos primeiros anos de cultura de algodão não é necessário aplicar fósforo; se ao contrário, vem sendo cultivadas repetidamente, há necessidade dos três elementos. Tratando-se de solos constantemente adubados com fósforo, esse elemento deverá integrar as formulas em doses mais reduzidas, igualando-se ao nitrogênio e potássio. Em terras recém desbravadas, inicialmente recomenda-se outra cultura (o milho, por exemplo); pode-se até dispensar a adubação no primeiro ano com algodão, se a fertilidade observada no solo para com a cultura anterior mostrou-se grande.

 

Necessidades minerais

Sintomas de eficiências Minerais no Algodoeiro

 

Elementos Deficientes Sintomas 
 Nitrogênio Clorose uniforme, acentuando-se nas folhas mais velhas, que passam a mostrar mancha pardacenta no ângulo do lobo. Depois secam e caem prematuramente. Planta de porte baixo, pouco enfolhada, improdutiva. Tronco fino. 
 Fósforo Cor verde da folha passa a pardecenta e depois a amarelo-bronze. Manchas ferruginosas, nas extremidadesdo limbo, dão aspecto de queimadas por fogo. Planta sem vigor, crescimento retardado, improdutiva
 Potássio O limbo foliar aprsenta matiz verde-claro-amarelo. Proeminência das nervuras. Necrose de toda a periferia da folha. Manchas pardo-avermelhadas na nervura; com o progresso, essas manchas se reunem e todo o limbo fenece, apresentando coloroção pardo-chocolate, com os bordos revirados para baixo. Queda prematura das folhas mais velhas, dando plantas desfolhadas. Vasos das raízes escuras. Semente com pouco óleo.  
 Cálcio Plantas raquíticas, improdutivas, praticamente reduzidas ao caule. Folhas murchas, soltam-se com facilidade; as que persistem mais, exibem coloração veermelho-sangue.
 Magnésio Descoloração de limbo foliar nos espaços entre as nervuras, margeando as quais permanecem faixas de cor verde normal. Mais tarde, todas as nervuras ficam verdes, enquanto que o resto do limbo é vermelho-púrpura, formando belo contraste. Queda prematura das folhas inferiores.    
 Enxofre Clorose forte das folhas do broto terminal, progredindo para as folhas mais velhas. Coloração verde-limão típica. Limbo foliar brilhante no início e sem brilho depois. Plantas improdutivas, rebrotação de gemas vegtativas na parte inferior do caule.
Fonte: Guia para reconhecimento das deficiências minerais do algodoeiro - Boletim 118

Como já foi visto neste quadro, o algodoeiro, em sua estrutura, apresent